Subscribe Twitter Twitter

30 de dezembro de 2011

Três lembretes para o Ano Novo

“Adeus ano velho, feliz ano novo, que tudo se realize no ano que vai nascer. Muito dinheiro no bolso, saúde para dar e vender.” / “Hoje é um novo dia, de um novo tempo que começou. Nesses novos dias as alegrias serão de todos, é só querer. Todos os nossos sonhos serão verdade, o futuro já começou.”

Começaremos no domingo a contagem de mais 365 dias de um novo ano e os trechos das músicas acima revelam o que muitas pessoas em nossa pátria desejam para 2012, mas, infelizmente, sem uma consciência correta sobre Deus, a maioria dessas pessoas coloca nesses desejos a perspectiva de um ano bom.

Como cristãos, também fazemos planos, temos desejos e esperamos várias coisas boas neste ano que se inicia, contudo, não podemos deixar de observar o que ensina a Palavra de Deus. Tenha, então, em mente esses três “lembretes” contidos nos primeiros versículos de Provérbios 16:

1. Planeje, mas sem esquecer que o Senhor é quem dirige sua vida

“O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor” (16.1).

Temos aqui uma grande verdade: Deus é quem de fato dirige o nosso viver.

Perceba que o texto fala sobre o coração do homem. A Bíblia ensina que somos controlados pelo nosso coração (Mt 6.21). É dele que procedem as fontes da vida (Pv 4.23). Todos os nossos planos e projetos, conforme o texto, partem, então, dos desejos do nosso coração.

O texto não desestimula o planejamento e ele deve mesmo acontecer. A grande questão aqui é que planejamos sabendo que do Senhor é a resposta certa dos lábios. Geralmente, quando a segunda parte desse texto é citada, é da seguinte forma: “a resposta certa vem dos lábios do Senhor”, mas o sentido do texto é outro. Com “a resposta certa dos lábios vem do Senhor” o escritor quer afirmar que é o Senhor é quem capacita o homem para realizar alguma coisa.

Isso quer dizer que só conseguiremos cumprir aquilo que está de acordo com os propósitos do Senhor em nossa vida. Alguns poderiam questionar esta afirmação e dizer: “Mas, se fosse assim, só nos ocorreriam coisas boas. O Senhor não nos capacitaria para fazer o que é errado.” Engana-se quem pensa desta maneira.

Deus nos capacita a realizar até aquilo que é contrário à sua vontade revelada a fim de que, com o coração exposto pelas circunstâncias, sejamos tratados por ele e nos tornemos semelhantes a seu Filho. O Senhor é Soberano e dirige nossa vida a cada momento.

É por isso mesmo que devemos estar atentos ao segundo lembrete:

2. Esteja atento às suas motivações

“Todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos, mas o Senhor pesa o espírito” (16.2).

Nesse versículo somos advertidos de que, para o Senhor, a “motivação” é importante.

O texto é claro: para o homem, tudo o que ele planeja está correto. Todos os caminhos a que ele se propõe a seguir são puros. Porém, a segunda parte do verso começa com um eloquente “mas...”. É como se o escritor estivesse dizendo: “a despeito do que pense o homem acerca daquilo que ele propõe”, o Senhor pesa o espírito.

Temos aqui duas palavras importantes: “Pesar”, que significa considerar ou examinar, e “espírito”, que diz respeito à disposição do coração (motivação).

Isso quer dizer que o Senhor sempre considerará o que nos leva a agir de determinada forma, ou planejar qualquer coisa que seja e não simplesmente” o planejamento em si. Sabendo que o Senhor examina as intenções daquilo que fazemos, devemos estar também atentos ao que nos leva a planejar.

Já vimos que os desejos procedem do nosso coração e sabemos pela Bíblia que o nosso coração, muitas vezes, nos engana, mas por meio da Palavra de Deus temos condições de avaliar aquilo que intentamos fazer no ano que se inicia (Hb 4.12).

Pelo menos duas perguntas são importantes aqui e devemos considerá-las: 1) Por que quero fazer (motivo)? 2) Qual o meu alvo com isso (resultado)?

Se respondermos a essas perguntas tendo em mente o que Paulo ensinou aos Coríntios: “Quer comais, quer bebais, ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31), podemos aferir as nossas motivações e, a partir daí, nos esforçar para realizar tudo aquilo a que estamos nos propondo ou abandonar o plano caso isso não glorifique ao Senhor.

3. Confie no cuidado do Senhor

“Confia ao Senhor as tuas obras, e os teus desígnios serão estabelecidos” (16.3).

O verso 3 nos traz o último lembrete. Ao iniciar um novo ano, devemos reafirmar nossa convicção de que confiamos no cuidado do Senhor. Creio firmemente que a ideia de confiar ao Senhor as obras para ter os desígnios estabelecidos, ensinada aqui por Salomão, é a mesma ensinada por Jesus: “Vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda” (Jo 15.16), e que é repetida por João: “E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve” (1Jo 5.14).

Aqueles que conhecem o Senhor e procuram viver de acordo com a sua Palavra são moldados pelo próprio Senhor e aprendem a pedir em conformidade com sua vontade. Sendo assim, quando confiamos ao Senhor nossas obras e estas estão em conformidade com as Escrituras, ele as estabelece.

Ao planejar o ano de 2012, lembre-se de confiar no cuidado daquele que tem dirigido nossas vidas. A nossa confiança deve ser a tal ponto que, mesmo que as coisas pareçam ir mal, consigamos descansar no Senhor.

Que o Senhor abençoe sua vida neste novo ano e que ele mesmo estabeleça aquilo que você tem planejado, caso sua motivação seja a correta: a glória e a honra daquele que nos salvou.

Milton Jr.

27 de dezembro de 2011

Um evangelho pós-moderno para o mercado global

[capa_classificados.gif]O mundo tem se tornado num mercado globalizado e o evangelicalismo tentando se pós-modernizar rebaixa-se a um produto que atenda ao gosto dum maior número de consumidores. Hoje ser “protestante” é para muitos um rótulo indesejável, historicamente descontextualizado e politicamente irrelevante, é preferível ser chamado apenas de evangélico, porque não expressa nenhuma idéia negativa de ser contra alguma coisa. John MacArthur Jr. observa que “aparentemente o maior medo que o movimento evangélico tem hoje em dia é de ser visto como posicionado em desarmonia com o mundo”[1]. A dinâmica do dia é fazer o evangelho aceitável para poder vende-lo.

Nesta negociata qualquer coisa pode ser vendida, por que tudo é transformado em mercadoria: idéias, emoções, poder, influência, relacionamentos e até as bênçãos divinas são oferecidas por líderes religiosos que pensam monopolizar o Espírito Santo. Surge uma nova espécie de simonia: a venda de sentimentos travestidos de religiosidade e aceitação divina.

Tamanho é o esforço de acomodar o evangelho pós-moderno numa embalagem que o apresente como um produto atrativo, ele vira uma mercadoria onde o seu sucesso de venda dependerá de quem melhor manipula os holofotes da publicidade. O profano tem um colorido sedutor em que tudo é aceito por causa do dinheiro, assim, o mercado não nutre preconceitos, visando somente o lucro. O supérfluo é cambiado em necessário aguçando o consumo. Agitando o orgulho e despertada a cobiça, o consumidor é induzido à carência não do que realmente precisa, mas do que o paradigma consumista lhe impõe como sendo absolutamente necessário!

Em ritmo de concorrência o evangelho pós-moderno assume a disputa da livre-oferta. Nesta ideologia não existe a intenção de elevar os valores das pessoas a outro nível de consciência para que vivenciem a comunhão com Deus e a mutualidade. Este evangelho interesseiro tenta se adequar ao mercado, mas com isto perde o seu sabor e brilho (Mt 5:13-16), e, progressivamente esvazia-se de sua dimensão profética, de denúncia e anúncio! Despe-se de seu caráter ético, de crítica, de uma proposta integral transformadora pelo poder de Deus, manifestando o Seu Reino, em Cristo Jesus.

Ewerton B. Tokashiki


[1] John MacArthur Jr., Princípios para uma cosmovisão bíblica (São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2003), pág. 8

14 de dezembro de 2011

Sobre a Famigerada "Lei da Palmada"



O projeto de lei que proíbe a palmada dos pais nos filhos foi aprovado hoje (14/12) na Comissão Especial criada na Câmara dos Deputados para analisar a matéria. Agora o projeto de lei que proíbe a palmada irá direto para votação no Senado, a não ser que haja recurso de, pelo menos, 10% dos deputados, para que a matéria seja discutida no plenário.
O projeto possui muitos equívocos, o que pode ser percebido a partir das palavras dos debatedores, especialmente os que são favoráveis à proibição. A relatora da Comissão, deputada Érika Kokay (PT- DF), disse o seguinte, de acordo com matéria do site G1: “Educar batendo traz transtornos e consequências graves à vítima da violência para o resto da vida. Não se trata de impedir que os pais imponham limites aos filhos, mas sim que esses limites não sejam impostos por meio de agressões. Com a lei, as famílias vão formar pessoas mais íntegras e honestas, porque você elimina a relação do forte dominar o mais fraco. Quem é agredido aprende a resolver conflitos através da violência e a subjugar o mais fraco”.
Como um cidadão cristão, que tem direito de seguir a um padrão ou regra de fé e prá-tica, no meu caso, a Bíblia, discordo veementemente da deputada. Ela falha porque possui uma noção equivocada do princípio da disciplina doméstica. Se o ser humano fosse puro e bom em sua natureza e não demonstrasse desvios no caráter desde a mais tenra idade, tudo bem, mas não é o caso. Note que ninguém ensina a uma crian-ça a fazer birra ou manha; ela já nasce pecadora e tendendo ao erro. Por essa razão, a disciplina é, na realidade, um gesto de amor, quando aplicada corretamente. A “pal-mada” é necessária para que a criança não seja entregue a si mesma, porque ela tem maldade suficiente em seu ser para se acostumar a desobedecer regras, desrespeitar autoridades e ultrapassar os limites. “A estultícia está ligada ao coração do menino; mas a vara da correção a afugentará dele” (Pv 22.15). A criança entregue a si mesma se revolta primeiro contra os próprios pais. A Bíblia diz: “A vara e a repreensão dão sabedoria; mas a criança entregue a si mesma envergonha a sua mãe” (Pv 29.15).
Se este projeto passar e a lei pegar, o que teremos no Brasil não é o que a deputada espera. Teremos jovens delinquentes e incontroláveis, escalada da violência, desacato a autoridades e uso crescente de drogas. Pense comigo: quem são os tendenciosos à violência na escola? São as crianças disciplinadas desde cedo ou as que não recebem limites nem disciplina dos pais? Entendo a preocupação do governo, ainda mais quan-do penso nas crianças que apanham em demasia dos pais. A Bíblia fala do uso da vara, mas não com exagero: “Castiga a teu filho, enquanto há esperança, mas não te exce-das a ponto de matá-lo” (Pv 19.18).
A fim de evitar o erro nessa questão, Paulo orientou aos pais: “E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor” (Ef 6.4). Calvino disse que o excesso de rigor na disciplina provoca a ira dos filhos. A preferência de um em detrimento dos outros também. William Hendriksen, comentando a mesma passagem, fala ainda do mau exemplo, o famoso “faça o que eu mando; não faça o que eu faço”, como fator que provoca a ira dos filhos. Em vez de provocar a ira dos filhos, a Bíblia instrui os pais a criarem (nutrirem, promoverem o crescimento – o amor está implícito) seus filhos com uma dinâmica interessante: equilíbrio entre correção (paidéia) e conversa (parakaléo). Converse com seu filho para prevenir futuros e possíveis erros. Instrua mediante a constante conversa (Dt 6.5-9). Mas quando o filho errar e uma conversa for pouco (por exemplo, mentira, desrespeito, desobediência, imoralidade, desonestidade são faltas passíveis de punição com vara em minha casa), a disciplina corretiva deve ser usada.
O governo insiste em dizer que o ato de bater no filho é ato de violência. Primeiro, se a disciplina for praticada com amor, sem raiva, com a Palavra de Deus, com exortação, não caracterizará a violência denunciada. Disciplina é um gesto de amor: “O que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo, o disciplina” (Pv 13.24). O texto diz que o que não disciplina, na verdade não ama a seu filho. A minha pouca experiência tem mostrado o contrário do que falam. Toda vez que disciplino meus filhos, eles se voltam para mim em arrependimento e sempre me abraçam depois. A disciplina possui um valor eterno para a criança: “Não retires da criança a disciplina; porque, fustigando-a tu com a vara, nem por isso morrerá. Tu a fustigarás com a vara e livrarás a sua alma do inferno” (Pv 23.13,14).
A relatora da comissão disse que “o projeto não prevê interferência do Estado na família”. Como? Me pergunto. Querem aprovar uma lei no meu país que me proíbe de dar uma varadinha no meu filho se eu, pai, responsável por ele, dentro do meu papel educativo e familiar, entender que a varadinha é necessária para moldar seu caráter pecaminoso. Se isso não é interferência do Estado em minha família, é o quê, então? Concordo com o Deputado Jair Bolsonaro, que afirmou que o projeto de lei representa interferência do Estado na família. Agora só me resta esperar que um recurso seja impetrado para que a discussão seja mais ampla no plenário da Câmara dos Depu-tados. Ainda assim, se passar, há esperança de que o Senado barre esta excrescência, se bem que a tendência por lá é de irem mesmo contra a Bíblia. A eles mando meu recado, embora saiba que não lerão este texto: “Quem ama a disciplina ama o conhecimento, mas o que aborrece a repreensão é estúpido” (Pv 12.1). Antes que me acusem de difamador, não fui eu quem disse isso; foi o Todo-Poderoso, Criador e justo Juiz de toda a terra, que inspirou a Bíblia e manifesta sua vontade através dela.

Pr. Charles

13 de dezembro de 2011

Reflexões Sobre Ministério Pastoral



A classe pastoral tem sido alvo de muitas considerações. Ora falam muito bem dela, ora tecem críticas severas. Já reparou como os jornais fazem questão de falar a religião e o ofício de um criminoso quando ele é um pastor evangélico? Eu, como pastor, já ouvi muitas piadas envolvendo dinheiro, mulheres e charlatanismo. Parece que o mundo odeia ainda mais aqueles que se identificam como pastores. Nem sequer me respeitavam, quando eu dizia que era pastor. A piada de mau gosto sempre vinha do mesmo jeito.

O motivo das piadinhas e das críticas é que o ministério pastoral está atualmente muito descaracterizado em relação àquilo que a Bíblia estabeleceu como padrão ministerial. Muitos pastores são maus pagadores. A primeira vez que fui financiar um automóvel, tive muita dificuldade de aprovar meu crédito, simplesmente porque eu sou pastor. Algumas financeiras diziam que não financiavam veículos para pastores. Muitos pastores são apegados a coisas materiais, são difíceis de relacionarem-se com os outros, alguns são grosseiros, ditadores, outros são bajuladores, outros tratam bem só os ricaços, interessados em seus altos dízimos o ofertas. Muitos pastores têm feito pouco caso da são doutrina e não pregam fielmente a Palavra de Deus. Quando isso acontece, as ovelhas atentas de Cristo percebem. A Bíblia ensina que o ministro deve ter bom testemunho tanto dos de dentro como dos de fora, mantendo uma vida irrepreensível, um caráter nobre, para a glória de Deus.

Por outro lado, existem boas recordações de bons ministros da Palavra. Se há pastores que devoram a gordura das ovelhas, há, por outro lado, daqueles que as amam. Há pastores que são atenciosos, que são fiéis à Palavra, que são austeros no governo da igreja, homens de oração, piedosos, são bons pais, excelentes maridos, padrões na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza. Há bons pastores de todo jeito e tipo de personalidade. Há daqueles que são muito emotivos e expansivos, há daqueles mais fechados, porém amorosos do mesmo jeito, há daqueles que inspiram um certo ar de temor, há daqueles intelectuais, outros mais simplórios na oratória, alguns excelentes administradores e presidentes (bons líderes), outros excelentes no cuidado do rebanho. Estes honram a nobreza da tarefa dada por Cristo. Estes são exemplos para toda a igreja. São imitadores de Cristo e a igreja deve imitá-los.

Mas algo deve ser dito antes de chegar ao fim dessa reflexão. Nenhum dos grandes pastores que já pisaram este mundo é ou era perfeito. Todos possuíam defeitos. A diferença é o quebrantamento e constante arrependimento diante de suas falhas. Os maus pastores não confessam seus pecados e não se humilham na presença de Deus. Bons pastores, se humilham e se arrependem de seus erros. Maus pastores não pedem perdão. Bons pastores reconhecem seus erros perante as ovelhas e perante Deus. Maus pastores não amam a Deus sobre todas as coisas. Bons pastores amam as ovelhas porque amam a Deus em primeiro lugar. Como Deus amou as ovelhas a ponto de entregar seu Filho por elas, o pastor bom as amará.

Para finalizar, deixo algumas recomendações amorosas. Ore pelos pastores para que eles sejam sempre servos de Deus excelentes e aprovados. Ore para que seus defeitos sejam minimizados pelo aperfeiçoamento do caráter cristão em sua vida. Ore para que o Espírito de Deus os encha de tal forma que sejam mais e mais amorosos e altruístas. Não fale mal deles; ore! Não os desobedeça; trate com honra e dignidade (Hb 13.17). Encoraje, ame, ouça, valorize! Que coias maravilhosa é para um pastor receber este gesto de suas ovelhas. Assim serão sempre estimulados e ser excelentes ministros de Deus, a bem do evangelho.

Pr. Charles

6 de dezembro de 2011

O melhor de Deus ainda está por vir?

cruz

A frase virou mesmo um chavão e está constantemente na boca de vários irmãos. Diante dos problemas e adversidades, a palavra de “consolo” é: “Não se preocupe, o melhor de Deus para a sua vida está por vir”. O que se quer dizer com isso é que por mais que a vida tenha lá suas adversidades e problemas, aquele que sofre pode estar descansado, pois haverá um dia em que as lutas cessarão, não haverá mais pranto e nem dor.

Conquanto seja isso verdadeiro e prometido na Escritura, que afirma que o Senhor enxugará dos olhos toda lágrima (Ap 21.4), é preciso analisar o que de fato se deseja ao dizer que “o melhor de Deus está por vir”.

Se com essa frase os crentes estivessem almejando estar de uma vez por todas na presença física do Senhor Jesus, ela ganharia um belo sentido, porém, ao observar que ela é dita geralmente em momentos de dificuldades, fica evidente que “o melhor de Deus” que é esperado é simplesmente a ausência das tribulações. Nesse caso, perde-se a perspectiva de que o melhor de Deus já veio quando ele enviou seu Filho ao mundo (Jo 3.16) em semelhança de homens (Fp 2.7) para justifica-los pela fé e conceder a eles paz com Deus (Rm 5.1).

Quando o Senhor Jesus afirmou a seus discípulos: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo” (Jo 14.27), ele falava sobre a reconciliação com Deus, não sobre a ausência de problemas. Se assim não fosse, os discípulos não teriam ouvido dele que no mundo teriam aflições (Jo 16.33). A despeito disso ele ordena aos discípulos ter bom ânimo, o que demonstra que o consolo não estava em esperar a cessação das aflições, mas na certeza de que aquele que venceu o mundo estaria com eles todos os dias, inclusive em meio às dificuldades, até a consumação dos séculos (Mt 28.20).

Era a certeza de que Jesus era o melhor de Deus e, portanto, suficiente para a sua vida que levava Paulo a declarar: “Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4.11-13). Sua alegria não dependia das circunstâncias, mas de estar na presença do Senhor Jesus. Por isso mesmo ele também podia dizer que viver para ele era Cristo, e morrer, lucro, pois sabia que estar com Cristo é incomparavelmente melhor (cf. Fp 1.21,23).

Saber que o melhor de Deus para nós, Cristo Jesus, já veio deve nos levar ao entendimento de que até as tribulações e aflições não fogem a seu controle, antes, são usadas pelo Senhor para nos tornar cada dia mais parecidos com o nosso Redentor. Isso nos leva também a colocar em prática as palavras de Tiago, que diz que devemos ter como motivo de muita alegria o passar por várias provações, entendendo que a finalidade da provação é produzir a esperança, que cumpre o seu papel ao nos tornar perfeitos, íntegros e em nada deficientes (Tg 1.2-4).

Como já foi afirmado, uma vida sem aflições, sem pranto e nem choro é prometida por Deus para aqueles que são de Jesus. Porém, querer estar com Jesus não por quem ele é, mas por aquilo que ele nos concede e concederá é uma atitude idólatra, que revela que amamos mais a bênção concedida do que aquele que nos abençoa.

O melhor de Deus já veio, Cristo Jesus, e se buscarmos nele alegria e satisfação viveremos também contentes, em toda e qualquer situação.

Milton Jr.