O problema não é com o
namoro em si, mas com a fórmula que a cultura ocidental nos impôs goela abaixo.
A cada ano
que passa, conheço mais e mais histórias de jovens cristãos que não conseguem
manter sua consciência pura simplesmente porque passam o sinal vermelho no
namoro. Depois de tanto pensar nas causas, cheguei a algumas conclusões:
- Eles são estimulados pelo vasto apelo visual na mídia impressa, televisiva, cinematográfica, dramatúrgica e cibernética.
- Eles são estimulados pelo vasto apelo visual na mídia impressa, televisiva, cinematográfica, dramatúrgica e cibernética.
- Eles acham que tem que ter beijo de língua, senão não é namoro de verdade.
- Eles acham que podem ficar sozinhos que suportarão o desejo de oferecer o corpo um ao outro.
- Eles acham que possuem controle sobre as paixões do próprio coração.
- Eles ignoram o fato de que um pode manipular as emoções do outro.
- Muitos pensam que podem ter relações sexuais porque se amam e pretendem casar mesmo...
- Se esquecem de que os olhos do Senhor estão em todo lugar.
- Não pensam que o sexo deve ocorrer apenas no casamento porque ele aponta para o relacionamento de Cristo com a igreja (profanam o nome do Senhor).
- Ignoram que o “leito sem mácula” de Hb 13.4 implica em abstinência sexual antes do casamento.
- Não fazem caso do mandamento de nos santificar abstendo-nos da prostituição (fornicação) – 1Ts 4.3.
Isso tudo diz respeito apenas a um
aspecto do namoro, que é o excesso de intimidade que naturalmente é
desenvolvido entre casais de namorados que se estimulam sexualmente pelos toques,
carícias e beijos. Esse excesso de intimidade ocorre porque a fórmula está
equivocada.
Eu tenho uma pergunta básica a
todos os que aderiram à fórmula usual de namoro: qual o propósito? Se a
resposta for preparação para o casamento, eu já digo que o modelo vigente não
prepara para o casamento, mas para o divórcio. Geralmente, o pensamento é
assim: “namoro para ver se vai dar certo. Se não der, termino”. Ora, não é
assim que ocorre o divórcio, especialmente por incompatibilidade de gênios?
Se a resposta for “porque eu quero
beijar na boca”, então seria mais coerente com a prática corriqueira. No
entanto, biblicamente, isso não é propósito do namoro. Aliás, o que o mundo
segue é a ideia de que quanto mais beijar na boca, melhor. Saiu uma reportagem
num grande portal dizendo que beijar várias bocas numa festa pode transmitir várias
doenças. Mas não é raro que jovens e adolescentes se beijem na boca durante um
acampamento apenas para curtir. É o costume mundano de “ficar”.
Se a resposta for “para funcionar
como estágio para o casamento”, também está errado, porque o namoro não deveria
ser um minicasamento. A maioria dos
jovens tem passado por pressões terríveis porque se compromete com alguém e
depois desiste. Fica uma impressão ruim de aproveitador(a) e de quem brinca com
os sentimentos de outrem. Alguns namorados chegam ao ponto de usar alianças de prata porque estão “comprometidos”.
Se a moça vai viajar com a família, tem que pedir autorização ao namorado como
se ele fosse dono dela e vice-versa. Que absurdo!
Se a resposta for “para ver se ela
(ou ele) será minha esposa (ou meu marido)”, quais deveriam ser os critérios para
a escolha de alguém como cônjuge? Posição social? Salário? Beleza física? Promessa
de sucesso profissional? Gostos e características pessoais em comum? Voddie
Baucham Jr. alerta em seu livro “O que
Ele Deve Ser se Quiser Casar om Minha Filha” (Editora Monergismo) acerca desses critérios
equivocados.
Ele diz que o primeiro critério,
mas que não é o único, é que o futuro cônjuge deve ser crente, ou melhor, servo
do Deus Altíssimo. Simpatizantes do evangelho são filhos do diabo e podem ser
uma arapuca montada para bloquear o potencial de um cristão no serviço. “Mas
ele é melhor que os rapazes da igreja”, pode argumentar alguma jovem
enfeitiçada emocionalmente, cega pela paixão por um rapaz bom de papo. Em sua cegueira, não consegue vislumbrar um lar dividido no futuro, a frustração de não poder orar com o marido, porque ele não é crente, e de ver os filhos crescendo com a mente dividida entre os mandamentos de Deus e a vida conforme o próprio querer pecaminoso. “Mas eu
orei a Deus e apareceu ele!”, pode argumentar outra. Deus jamais nega a si
mesmo. Se ele proíbe o casamento misto em sua Palavra (Gn 28.6-9; Ed 9.1-3,10;
Ne 13.23-26; 1Co 7.39; 2Co 6.14), jamais responderá a uma oração dessas assim.
Outra coisa fundamental é ver se o
pretendente está pronto para liderar o lar, como Cristo amou a igreja e se
entregou por ela (Ef 5.25-33). No caso da pretendente, estaria ela disposta a se submeter
carinhosamente à liderança do marido no futuro? (Ef 5.22-24).
Além disso, as moças deveriam, com
a ajuda dos pais, buscar reconhecer no pretendente as seguintes características: sacerdote, ou seja,
se ele se preocupa em guiar os rumos espirituais do futuro lar com a Palavra e,
especialmente, a oração; profeta, se ele
pretende pregar a Palavra dentro de casa, ensinando a sã doutrina aos filhos; provedor, como aquele
que pretende trabalhar arduamente a fim de sustentar o lar e prover o melhor conforto
possível administrando com frugalidade; protetor, como
aquele que pretende proteger os filhos e a esposa dos ataques vis da
incredulidade, do mundanismo e da violência e maldade do mundo lá fora.
Por essas e outras razões, proponho
uma mudança radical. Proponho um novo modelo, que eu chamaria de namoro cristão ou corte. Em primeiro lugar, ele renunciaria o modelo vigente que prevê
toque físico e o beijo de língua. As razões estão bem claras no artigo Beijo de Língua postado em 2010 neste
blog. O modelo que proponho teria a participação direta dos pais na escolha do
cônjuge, como conselheiros e orientadores mais experientes. Também o modelo
prevê o ideal inicial de casamento à luz da Bíblia e não apenas um teste para
ver se vai dar certo. A corte seria um tempo de conversa e reflexão bíblica, sem
caracterizar-se como um minicasamento,
no qual um se acha dono do outro. A minha proposta poderia ser chamada de amizade cristã com vistas a futuro
compromisso. O compromisso não seria no namoro, mas no único momento possível
à luz da Bíblia: o casamento.
Finalmente, não sei se o leitor se
encontra como eu, cansado de ver o mundo ditar as regras dentro da igreja. Se
eu pudesse voltar no tempo, seria mais feliz. Não teria namorado as moças que
namorei, não as teria magoado com o término do namoro, teria conhecido a minha
linda e querida esposa no dia 19 de outubro de 2007 na Igreja Presbiteriana de
Mairinque (SP), teria cortejado por meses e me casado no dia 1º de agosto de
2008 do mesmo jeito. Graças a Deus que ele nos livrou das garras terríveis do
mundanismo com suas consequências diabólicas.
Tenha coragem! Diga adeus à fórmula
tradicional de namoro. Chame a novidade do que quiser: namoro cristão, amizade
cristã com vistas a futuro compromisso, corte...
Mas tenha coragem de romper com esta fórmula pra lá de secularizada e
antibíblica! Que Deus te abençoe ricamente!
Pr. Charles