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26 de fevereiro de 2011

A TRAGÉDIA E O CRIADOR: QUAL A RELAÇÃO?

O Brasil e o mundo estão chocados com o número de tragédias naturais que ceifaram centenas de pessoas recentemente. No início do ano assistimos perplexos aos desmoronamentos no Rio de Janeiro e agora os violentos terremotos na Nova Zelândia onde várias várias famílias sofreram com a morte e a destruição.

Tais acontecimentos inquietam o coração e trazem o choro de tristeza e de condolência. O sentimento interior é como se as entranhas fossem retorcidas violentamente, virando-as do avesso de profundo pesar para com tantos que sofrem perdas irreparáveis. Por outro lado, há a promoção da solidariedade, pois é dever de cada um fazer o mínimo diante do máximo. Como é bom participar de campanhas solidárias destinadas aos flagelados. Cada um deve fazer a sua parte diante do quadro aterrorizador e destrutivo, embora saibamos que muito mais poderia ser feito.

Sempre que nos deparamos com as tragédias naturais, não podemos escamotear o fato de que há um Deus perfeito e justo que a tudo contempla. Nada escapa à sua observação, pois seus olhos estão em toda parte, perscrutando a tudo que passa nesse mundo e fora dele. A perplexidade aumenta quando sabemos que ele também é um Deus de amor, graça e misericórdia. E é exatamente aqui que surge a pergunta:

"Como conciliar o caráter de Deus com acontecimentos tão destrutivos?"

Essa complexa indagação tem gerado muitas discussões acaloradas entre os teólogos e cristãos ao redor do mundo, suscitando as mais diversas opiniões.

Nesse caldeirão de debates há os que se alinham ao humanismo vigente e afirmam que Deus apenas permite que tudo isso ocorra. É como se ele visse o mal iminente e, ou por incapacidade ou por desejo próprio, aceita com passividade. Outros recrudescem mais ainda e afirmam que Deus, por abrir mão da sua soberania, simplesmente não sabe nada sobre o futuro e, assim como os seres humanos, fica surpreso com os acontecimentos e torce para que haja o mínimo de perdas entre as vítimas. Há ainda os que acreditam que Deus deixou o mundo a sua própria sorte como se estivesse distante ao ponto de não se envolver com os acontecimentos terrenos. Usando os rótulos como resumo, tais pessoas são simpatizantes da teologia arminiana, teologia do processo, teologia relacional ou teologia deísta.

Embora haja diversidades nas nuances, o fundamento do que foi colocado até aqui é o mesmo, ou seja, de alguma forma Deus é limitado em sua pessoa e caráter. É como se tivéssemos uma divindade mensurável cuja escala é profundamente demarcada pela efemeridade humana, ou seja, a divindade é a imagem e semelhança da criatura. Em suma, o homem é que é a medida de todas as coisas e Deus não poder ser excetuado desse processo.

Na contramão de todas essas afirmações, a minha visão destoa em absoluto. Eu creio num Deus que a tudo rege e que em tudo cumpre o seu propósito. Creio também que as catástrofes são todas determinadas por ele e tudo acontece segundo a sua vontade. Diante disso, e baseado nas Escrituras, mais particularmente em Jó 36: 22 a 37 ;13, quero propor três pontos que estão presentes nas determinações de Deus sobre a natureza. O que quero dizer é que há, sim, como explicar essa inquietante relação entre o Deus que flagela pela natureza e seu propósito justo e bom. Eis, então, porque o Senhor determina tragédias por meio da criação e o que essas tragédias podem nos comunicar.

1. As tragédias são peculiares à natureza. A grande maioria dessas tragédias naturais não são manifestações miraculosas, ou seja, elas não contrariam o que já é peculiar às leis naturais. Nem tudo ocorre pelo acaso ou por uma intervenção da mão de Deus em quebrar o fluxo normal da natureza como foi o caso de Sodoma e Gomorra. Tudo obedece às regras definidas no mundo natural. Enchentes, incêndios espontâneos, terremotos, maremotos, erupções vulcânicas podem ser identificados pela ciência e até mesmo, em alguns casos, evitados ou previstos. Todos sabem que o mundo geme por causa do pecado. As desordens e as manifestações belicosas que fazem a natureza voltar-se contra si mesma são resultados do que ocorreu no Éden e demonstram o curso tomado pelos animais, minerais e vegetais. Portanto, não podemos dispensar a possibilidade de a ordem natural do mundo em que vivemos resultar em uma ecatombe. As grandes catástrofes acontecem como fenômeno natural.

2. As tragédias sancionam o juízo de Deus. Dizer que as catástrofes são majoritariamente peculiares à natureza não quer dizer que negamos o controle e a regência do Criador sobre o universo. A providência é real e necessária. Portanto, a mão de Deus também rege as catástrofes da natureza e isso ele faz para trazer juízo sobre o homem. A maioria sabe que o Senhor firmou um pacto que manifesta o seu reino e culmina na expiação de Cristo, mas essa bendita aliança também culmina no juízo eterno. Logo, o pacto trás bênçãos, mas também traz maldições. Assim como as bênçãos podem ser percebidas no cotidiano do crente, essas maldições não serão manifestas apenas no dia do julgamento final. Há hoje em dia, sobre a impiedade humana, centelhas da ira de Deus que se manifestam na entrega sem reservas desse pecador à sua depravação total, ou na promoção da dor e do sofrimento extremo. Aqueles que estão fora da habitação do Espírito do Senhor vivem debaixo dessa santa e justa ira que só estanca quando a salvação de Cristo se torna presente.

Quando há tantas vítimas das tragédias naturais, ali está o juízo de Deus, pois esse Deus soberano derrama do seu furor ainda nos dias de hoje. É por isso que há a necessidade do temor no coração e o profundo respeito ao grande Vingador que também pune com rigor. Não nos enganemos, catástrofes naturais são a manifestação do juízo divino sobre a terra.

3. As tragédias sancionam a misericórdia de Deus. Parece contraditório à nossa mente, mas é isso mesmo que ocorre. Como exemplo, podemos falar do plano salvífico de Deus que traz, ao mesmo tempo, salvação e juízo. Ou mesmo nós, como pais, quando disciplinamos os nossos filhos, há ali uma espécie de castigo e, ao mesmo tempo, ação de responsável amor. Ao mesmo tempo em que há a manifestação do juízo, há também a manifestação de sua terna misericórdia sobre os que saem ilesos do temido processo trágico. Nunca esqueço de uma cena que vi pelo noticiário na época do grande tsunami ocorrido no oceano índico em dezembro de 2004. Um bebê que se salvou milagrosamente porque boiou sobre detritos que flutuaram sobre as águas enlameadas. Quando vi os familiares abraçando a criança, não havia como evitar as lágrimas nos olhos e a declaração:

Como Deus é misericordioso!”

De uma maneira ou de outra, Deus manifesta a sua misericórdia e longanimidade diante das calamidades. Até mesmo quando me vejo distante de tanta destruição, percebo o cuidado e o afeto do Senhor sobre a minha vida e a vida dos vivem ao meu redor.

Quero concluir esse texto reafirmando que a soberania divina abarca todas as situações da vida fazendo com que eu entenda o sentido do temor do Senhor e da alegria no Senhor. Ele nunca é injusto, nunca age em desamor, nunca deixou de ser Deus!

Sola Scriptura.

22 de fevereiro de 2011

A Bíblia, a “presidenta” e o crucifixo

 

No início do ano os principais jornais noticiaram na web a decisão da presidente Dilma Roussef de retirar da mesa de seu gabinete presidencial a Bíblia e o crucifixo. O argumento? O Brasil é um país constitucionalmente laico e, portanto, não se pode beneficiar uma religião em detrimento de outra. Tal reação causou estranheza em muitos (inclusive na imprensa) porque os últimos presidentes nunca ousaram retirar os dois símbolos religiosos do país mais romanista do mundo. Sem contar que a Bíblia (pelo menos em tese) é o principal livro da crescente população evangélica brasileira.

O argumento usado como justificativa pela presidente é pobre pela seguinte razão: a laicidade de um Estado democrático não significa necessariamente que ele ou os seus governantes devem ser irreligiosos, mas que todos os cidadãos comuns ou revestidos de autoridade têm o direito de professar livremente a sua religião. Em outras palavras, não haveria nenhum problema constitucional para a nossa presidente manter a Bíblia Sagrada e o crucifixo em sua mesa de trabalho, já que durante a campanha presidencial ela afirmou várias vezes ser católica romana não é mesmo?

Particularmente, para mim isso não faz nenhuma diferença. Sabe por quê? Qual o valor de uma Bíblia na mesa do principal governante da nossa nação se seus valores éticos e morais são totalmente desprezados? A triste realidade é que durante séculos a Palavra de Deus tem sido usada como um amuleto ou símbolo supersticioso por nossas autoridades. Se ao menos tivessem lido e crido em sua mensagem liberariam tamanho poder capaz de transformar gerações por meio do evangelho. Contudo, esse problema é tão milenar que as páginas da Bíblia mencionam em diversas passagens o desprezo dos líderes diante dos mandamentos divinos. O Salmo 2 é um bom exemplo disso. Nele, o rei Davi nos ensina algumas coisas:

(1) Governantes e nações sem temor sempre manifestarão o seu desejo de emancipação (1-3).

Davi descreve os povos enfurecidos com o Senhor de toda terra porque não suportam submeter-se a Lei de Deus. Os reis e príncipes do mundo se levantam e conspiram contra o Senhor e o seu escolhido dizendo: “Vamos romper seus laços e nos libertar de suas algemas. Temos as nossas próprias regras, valores e leis. Não precisamos de ninguém mandando em nós e nos dizendo o que fazer”. O reflexo de homens sem temor a Deus é o desejo de emancipação de todos os princípios norteadores de uma cosmovisão onde Deus é a referência máxima. É possível perceber isso nas diversas áreas da vida, inclusive na política. O desengavetamento, mais uma vez, da PL 122/2006 e a posição favorável da UNESCO ao Kit do MEC contra a homofobia demonstram que a grande maioria dos políticos do nosso país não diferem dos seus colegas espalhados pelo mundo. Eles trocam a verdade pela mentira, à justiça pela injustiça (Rm 1.18 ss). Quando os governantes vivem como se Deus não existisse, eles legislam e lideram segundo o seu coração e não segundo a Palavra de Deus.

(2) O Senhor vê tudo isso e zomba deles rindo (4-5).

Como Deus reage a isso tudo? Ele ri e zomba de todos eles. Ele continua soberano sobre os céus e a terra. O Rei já foi ungido e está entronizado sobre o santo monte de Deus. Toda a rebelião, todas as ameaças, todos os esforços da raça humana não podem desviar o supremo propósito de Deus. Deus é Deus, e nós não podemos destroná-lo. O questionamento do salmista não era simplesmente investigativo. Ele está horrorizado e chocado. Se Deus conhece o caminho dos ímpios e diz que este leva à destruição (Sl 1.6), por que as nações planejam revoltas? Por que os povos fazem planos tão tolos? A revolução não tem nenhuma chance de ser bem-sucedida.

Na realidade, a rebelião é uma loucura. O que os homens pensam que estão fazendo? Perguntou Davi. O pecado não é engraçado aos olhos de Deus, mas ele ri da tola rebelião dos políticos desse mundo. O pecado é triste, mas ao mesmo tempo ridículo. E importante destacar que o riso de Deus não anula a ira dele. Ele ri e ao mesmo tempo está determinado a pôr fim à rebeldia e punir os rebeldes. Na sua ira ele fala sobre a coroação do seu Filho – o Filho, o Ungido. Jesus Cristo vai reinar e acabar com toda a desobediência.

(3) A razão é simples: Ele já constitui o seu Rei (6-9).

Ouça o que diz o Filho de Deus: Ele proclama o decreto do SENHOR, Deus Pai. O Filho faz e fala tudo que o Pai dá para ele fazer e falar. A vontade do Deus Triúno é executada através da obediência do Rei Jesus. Cristo é o agente do Pai em todas as suas obras no mundo. Esta cena mostra uma visão gigantesca do poder de Jesus Cristo. Não existe no universo outro rei tão poderoso. Ele vai esmagar a rebelião com força infinita. Ele vai reinar sobre todas as nações, sobre todo mundo por todo o tempo.

Esta é realmente a definição do título “Cristo.” Não é o sobrenome de Jesus. É o título do seu ofício. De acordo com o Salmo 2, Cristo é o supremo rei que reinará sobre todas as nações por toda a eternidade. Ele vai julgar cada pessoa, grandes e pequenos, ricos e pobres, negros e brancos, políticos e cidadãos, de qualquer língua, nível de instrução e crença. Acho que agora você já sabe quem é o ser mais amedrontador do universo! O Salmo 2 diz que ele é “Jesus Cristo!”. Seria bom que todos os líderes políticos soubessem bem disso.

(4) Todos devem ouvir atentamente sua advertência (10-12).

Por fim, o rei Davi fala pessoalmente com os reis e juízes. O que ele fala? Ele diz: “parem com essa rebeldia!”. Sua admoestação é para que todas as nações abram os seus olhos, que os povos sejam sábios, parem com a rebelião e comecem a obedecer ao grande Rei Jesus.

O mandamento é “Beijai o Filho”. Um beijo nesse contexto significa um sinal de reconhecimento da autoridade, uma homenagem a um rei novamente reconhecido. O Salmo 2 nos adverte do grande perigo de continuarmos desobedientes. Se nós não beijarmos o Filho, pereceremos no caminho. Ninguém por mais autoridade que possua neste mundo está acima do Filho de Deus. A terra e tudo o que nela se contém pertence ao Senhor Jesus.

Conclusão

Nossos governantes precisam saber disso e é justamente aí que a Igreja de Cristo tem um importante papel kerigmático a cumprir. É preciso anunciar a todos, inclusive àqueles que nos governam que se persistirem pecando, morrerão em seus próprios pecados.

Entretanto, o papel profético da igreja também é o de avisar que todos aqueles que se refugiam em Cristo são bem-aventurados, porque nele há salvação, felicidade e segurança.

Felizes são todos os que em Jesus Cristo se refugiam!

Alan Kleber

17 de fevereiro de 2011

Casamento: Bênção ou Pressão?


A vida é um drama. Se por um lado existe a pressão da sociedade (família, amigos, você mesmo) para que sempre tenha um relacionamento, por outro existe a idéia que não há pessoas compatíveis com as exigências de Deus para tal relacionamento (isso eu digo presumindo que você se importe com a vontade de Deus).

Gostaria de opinar nos dois lados desse drama: primeiro, eu quero continuar minha luta em lhe livrar da pressão por estar se relacionando, pois, como disse no post anterior (http://bibliacomisso.blogspot.com/2010/11/quero-casar-basta-ser-crente.html), ser solteiro (temporariamente) é uma bênção de Deus; mas também quero lhe ajudar a abrir os olhos da fé, pois Aquele que determinou o que quer em termos de relacionamentos também governa os meios que nos levam à obediência.

I – Livre-se das Amarras

Não, amigos! Isso não é coisa de pentecostal! Creio que a maior parte dos erros nos relacionamentos de jovens crentes se dá porque eles são arraigados aos rudimentos do mundo da mesma forma que os incrédulos; mas Cristo se entregou para nos desarraigar desse mundo perverso (Gálatas 1:4).

Não tenho dúvidas que muitos jovens crentes mantêm relacionamentos errados porque ainda estão amarrados ao pecado e não conseguem se livrar dele; mas o grande problema disso é que Cristo, segundo o texto de Gálatas não morreu apenas para PERDOAR os nossos pecados, mas para nos LIVRAR deles. (Como viveremos ainda no pecado, nós que para ele morremos? Romanos 6:2).

Deixem-me dar alguns exemplos para ser mais prático. Note que eu não falarei de coisas distantes da realidade de muitos jovens que se dizem cristãos; mas se você for realmente crente e quer viver em obediência a Ele, buscará saber se essas expressões que estou usando são realmente Bíblicas. Então vou embasá-las agora:

  1. Se você ainda não tem condições de casar porque ainda não reúne as condições financeiras para isso, mas insiste em se relacionar com alguém você está em pecado diante de Deus.

Levante a bandeira vermelha! Diga não a toda e qualquer tentação que venha a interferir no seu crescimento profissional, intelectual e financeiro. Essa é a melhor preparação possível para seu futuro casamento (falo nesse ponto principalmente aos homens que devem assumir o papel de provedores de suas futuras famílias).

Se textos como (I Tess. 4:10-12; Pv. 13:11; II Tess. 3:6-13) não fossem suficientes, veja a especificidade de Paulo em I Tim. 5:8 quando instrui sobre o cuidado financeiro que se deveria ter com as viúvas. Nesse caso, ele parte do geral para o específico dizendo: se alguém não tem cuidado dos seus, especialmente dos de sua própria casa, tem negado a fé e é pior que o descrente. Não queira depender de ninguém, senão unicamente do Senhor!

  1. Se você ainda não casou, mas seu relacionamento (namoro) permite carícias íntimas que incitam a libido você está em pecado grave diante de Deus.

Não apenas levante a bandeira vermelha, mas corra como José da mulher de Potifar. Não imagine que você terá forças para não cair nos laços do Diabo caso mantenha carícias no seu namoro. (concordo com Charles no tocante ao beijo: http://bibliacomisso.blogspot.com/2010/11/o-beijo-de-lingua.html).

O escritor aos Hebreus diz que é bendito entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula. Chegar ao casamento ileso (no sentido de se guardar totalmente para o seu cônjuge) pode parecer utopia para a época presente, mas é um sonho que tenho como Pastor e pai para essa geração.

Que cada jovem entenda que dizer não àquilo que queremos é mais extraordinário que seguir o curso da massa que não consegue entender o que é a verdadeira liberdade cristã. Se Hebreus diz que sem a santificação ninguém verá o Senhor, Paulo se torna claro no que significa santificação em I Tessalonicenses 4:3-8: Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição (porneia – toda defraudação do corpo, sexual), que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo, em santificação e honra, não com deseja de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus, e que, nessa matéria, ninguém ofenda nem defraude a seu irmão, porque o Senhor, contra todas essas coisas... é o vingador, porquanto Deus não vos chamou para a impureza, e, sim, em santificação, destarte, quem rejeita essas coisas, não rejeita ao homem, e sim, a Deus.

  1. Se você está se relacionando com alguém que professa outra fé que não a exclusiva fé em Cristo segundo a Bíblia, você está cometendo um verdadeiro suicídio espiritual.

Levantar a bandeira e correr ainda é pouco. Nesse ponto você precisa compreender a loucura absoluta de entrar num relacionamento misto. Não é apenas ilícito nas Escrituras, mas se constitui uma agressão à razoabilidade e à inteligência (Pv 1.7).

Não fossem as perguntas nada retóricas de Paulo: que união pode haver entre o crente e o descrente? Que vínculo entre a luz e as trevas?, por isso ele diz no mesmo contexto: não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos (II Coríntios 6:14-18); não fosse ainda o grito de Neemias 13:23-29 ao declarar que por causa do jugo desigual: contendi com eles e os amaldiçoei e espanquei alguns deles, lhes arranquei os cabelos e os conjurei por Deus, dizendo: não dareis mais vossas filhas a seus filhos, e não tomareis mais suas filhas nem para vossos filhos e nem para vós mesmos (citando Êxodo 34:12-17); teríamos a expressão direta da Palavra de Deus para o crente: case somente no Senhor! (I Coríntios 7:39) .

O espaço não deu para o segundo ponto, que será: Confie no Senhor! Quando falarei sobre o aspecto positivo dessas três teses defendidas aqui. Mas creio que já há razões suficientes para que você reveja seus conceitos por não querer ser pior que o descrente (1), como os gentios que não conhecem a Deus (2), nem se por em jugo desigual com eles (3).

No Temor do Senhor,
                                                                  Pr. Samuel Vitalino

9 de fevereiro de 2011

Amar a quem?

eu Em nossos dias a palavra “amor” tem perdido o seu sentido e isso ocorre porque a compreensão sobre ela é equivocada. Um poeta secular, ao falar sobre esse assunto, expressa sua compreensão dizendo que o amor não é imortal, posto que é chama, mas deve ser infinito enquanto durar. Juntemos a isso um agravante que é a compreensão também errônea sobre o alvo do amor. Muito temos ouvido falar sobre a necessidade do amor próprio e de como o homem deve cultivá-lo. Há inclusive uma música da década de 80 celebrando o amor-próprio. Na última estrofe e no refrão temos:

“Foi tão difícil pra eu me encontrar

É muito fácil um grande amor acabar, mas

Eu vou lutar por esse amor até o fim

Não vou mais deixar eu fugir de mim

Agora eu tenho uma razão pra viver

Agora eu posso até gostar de você

Completamente eu vou poder me entregar

É bem melhor você sabendo se amar

Eu me amo, eu me amo

Não posso mais viver sem mim”[1] (grifos meus)

A Escritura, porém, caminha na contramão de tudo isso. Vemos no Evangelho que, ao ser questionado por um intérprete da Lei sobre qual seria o grande mandamento, Jesus respondeu que o principal era amar a Deus de todo o coração, alma e entendimento e que o segundo era amar ao próximo como a si mesmo. Disse mais ainda: “Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas” (Mt 22.40). Devemos notar que Jesus não fala em momento algum de amor próprio, ainda que muitos tentem enxergar no texto este “terceiro mandamento”.

O mais triste é que raciocínio dos cristãos que pensam assim é semelhante ao do autor da música citada acima: se alguém não se ama não conseguirá amar o próximo.

Esse “terceiro mandamento” não está no texto por uma simples razão: o homem, por natureza, já se ama demais e não precisa ser estimulado a se amar mais ainda. Jesus parte do princípio de que esse amor por si mesmo já existe. As palavras de Paulo corroboram esse pensamento. O apóstolo afirma: “Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida” (Ef 5.29).

Quando a Escritura menciona o amor próprio, trata-o como um problema: “Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas (amantes de si mesmos na versão Revista e Corrigida de Almeida)” (1Tm 3.1,2), afirma Paulo a Timóteo.

Devemos sempre agir de forma bíblica, e, para isso, precisamos entender o que a Palavra de Deus ensina sobre o amor e o que ela requer que façamos. Somos alvo do amor maior, o amor do Senhor demonstrado na cruz do Calvário, e, por isso, podemos e devemos amá-lo da forma correta, colocando-o em primeiro lugar em nossas vidas e também dispensando esse amor ao próximo.

Segundo Paulo, “o amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba” (1Co 13.4-8). Esse amor deve ser sem hipocrisia (Rm 12.9), cordial, fraternal, preferindo o próximo em honra (Rm 12.10), edificante (1Co 8.1), demonstrado de fato e de verdade (1Jo 3.18).

Diante de tudo isso, devemos deixar de lado o que o mundo nos ensina sobre o amor egoísta (amor próprio) e viver o amor bíblico, por Deus e pelo próximo, para a glória daquele que nos amou primeiro.

Milton Jr.


[1] Música: Eu me amo; Banda: Ultraje a rigor. Para ler toda a letra clique aqui.

3 de fevereiro de 2011

Vamos Evangelizar!


Geralmente, quando acontece alguma coisa boa conosco queremos logo contar para algum amigo: a aprovação no vestibular, o novo emprego, o bom negócio... Da mesma forma, quando vemos um amigo em situação de perigo, nos apressamos em alertá-lo. Diante disso, a pergunta é: por que temos dificuldade em fazer o mesmo em relação à obra salvadora de Cristo e em relação à ameaça da execução da justiça divina sobre os ímpios? Por que devemos evangelizar?

1. Porque é uma ordem do nosso Senhor Jesus Cristo (Mc 16.15) Jesus ressurreto apareceu aos discípulos e lhes ordenou que pregassem o evangelho a toda criatura. Nesse texto vemos uma ordem expressa do Senhor à sua igreja. Não se trata de uma mera opção como fruto de nossa volição apenas; é questão de obediência à Palavra de Cristo.

2. Porque a evangelização é necessária para a salvação do pecador (Rm 10.14-17) – É um privilégio poder contribuir para a salvação dos eleitos de Deus. Deus decretou a salvação de muitos e também o meio pelo qual seriam alcançados: pregação da Palavra. Embora a frase de São Francisco de Assis, a saber, “pregue; se necessário, use as palavras”, seja célebre, no entanto parece desmerecer a importância do discurso em si. A articulação de argumentos, a proclamação não são apenas importantes; são fundamentais: “e assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (Rm 10.17).

3. Porque a pregação da Palavra nunca será em vão (Is 55.11) – Nem sempre a pregação será respondida satisfatoriamente. Mas e se isso acontecer? Terá sido em vão a pregação? Não, pois o texto de Isaías 55.11 mostra que a Palavra do Senhor não volta para ele vazia, mas sempre cumpre um propósito. Se ela for aceita, cumpriu a função de trazer salvação; se não for, cumprirá a função de trazer juízo. Quando o exército romano no tempo do Império chegava de uma campanha vitoriosa, trazia presos inimigos e os fazia desfilar com o exército vencedor. Adiante deles, iam os sacerdotes com seus perfumes. Ao final do desfile, os presos eram mortos, de forma que o mesmo perfume que aspiravam tinha cheiro de vitória para os vencedores e de morte para os derrotados. Foi pensando nisso que Paulo escreveu: “Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento. Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem. Para com estes, cheiro de morte para morte; para com aqueles, aroma de vida para vida. Quem, porém, é suficiente para estas coisas? Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus (1Co 2.14-17).

4. Porque devemos agir como atalaias (Ez 3.18,19) – Assim como o atalaia de Israel deveria anunciar o perigo iminente, deveria anunciar a verdade, mas não sabia se os ouvintes seriam salvos ou não da aflição, nós também devemos fazer o mesmo. Lembremo-nos de que, no caso de omissão de nossa parte, Deus pedirá contas. Caso cumpramos nossa missão, ainda que o ouvinte não creia, estaremos livres de qualquer reprovação por parte do justo Juiz.

5. Porque hoje é dia de boas-novas (2 Rs 24.6-7.20): Quando os sírios cercaram Samaria, nos dias do profeta Eliseu, a fome reinava na cidade. Quatro leprosos famintos entraram no acampamento dos inimigos (porque não tinham nada a perder e morreriam de qualquer forma mesmo) e se depararam com as tendas cheias de comida, mas sem ninguém por perto, porque Deus provocara um barulho ensurdecedor e eles pensaram que eram exércitos mais fortes que eles. Apavorados, fugiram e deixaram tudo para trás. Os leprosos comeram, mas, sabendo que a cidade de Samaria estava padecendo, disseram: “Não fazemos bem; este dia é dia de boas novas, e nós nos calamos; se esperarmos até à luz da manhã, seremos tidos por culpados...” (2Rs 7.9). Sei que o texto não fala sobre o tema “evangelização”, mas ele ilustra perfeitamente o espírito da evangelização. Devemos compartilhar os banquetes espirituais dos quais desfrutamos domingo após domingo com os “famintos” de justiça que nos cercam. Enquanto muitas pessoas tentam se fartar com paixões mundanas, idolatrias, mentiras, sentimentos e afetos vazios, porém morrem de fome espiritual, nós nos calamos enquanto saciamos nossa fome através das Escrituras, sem dividir com ninguém mais. Isto não é certo!

É hora de encarar o evangelho de Cristo como a melhor coisa que nos aconteceu, pois desta forma começaremos a divulgá-lo com coragem. Eu não posso deixar de imaginar o semblante de decepção de muitas pessoas quando estiverem diante do justo Juiz apresentando-se de mãos vazias porque simplesmente não compartilharam o evangelho com as pessoas que as cercavam. Por vergonha? Talvez, mas é inaceitável. Devemos dizer como Paulo: “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo o que crê...” O poder de Deus jamais poderá ser motivo de vergonha.

Pr. Charles Melo de Oliveira