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30 de junho de 2011

Medo

medoCaros amigos,

Saudações,

Gostaria de compartilhar com vocês algo que todos nós sentimos, e espero poder ajuda-los a combater esse sentimento que talvez não seja um problema, mas que com certeza um dia você enfrentou ou enfrentará.

MEDO: substantivo masculino

1 Rubrica: estado afetivo suscitado pela consciência do perigo ou que, ao contrário, suscita essa consciência;

2 Temor, ansiedade irracional ou fundamentada; receio;

3 Desejo de evitar, ou apreensão, preocupação em relação a (algo desagradável)[1]

A mídia explora o MEDO! Muitos filmes e desenhos “da Cultura Trash” têm sua audiência garantida por explorar o MEDO e o terror.

Pesquisas apontam que de mil pessoas, mais da metade sente medo de situações e coisas infundadas. Medo de catástrofes, de acidentes, de ser assaltado ou morto, de ficar doente, de perder o emprego, de guerras, do passado ou do futuro e, ainda, medo de sentir medo. É interessante analisar que a maioria destes medos está diretamente relacionada com o futuro, com situações que ainda não aconteceram!

O Medo é tão presente na vida das pessoas que ganhou status e outros nomes. Os “especialistas” catalogaram os vários medos que existem. Se quiser veja no site: http://forum.jogos.uol.com.br/Todas-as-Fobias-Existentes_t_384542.

Sentir medo não é pecado, o medo muitas vezes nos protege, move-nos a agir contra algo ou situação que poderia nos prejudicar. É importante saber que um dos mandamentos mais recorrentes da Bíblia é “Não Temas” (300 ocorrências). A Escritura Sagrada nos diz o que devemos temer e em mais de cem vezes, fala-nos para temer a Deus. Faz-se necessário lembrar que o conhecimento, a sabedoria começam com o “temor do Senhor”:

O temor do Senhor é o princípio do saber, mas os loucos desprezam a sabedoria e o ensino. (Provérbios 1.7)

O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo é prudência. (Provérbios 9.10)

Temor é um tema muito comum e importante na Bíblia. Aquilo de que mais tememos vai governar a nossa vida, mas a bíblia diz que Deus quer governá-la. “Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais ele fará.” (Salmo 37.5).

O medo/temor atrapalha o foco de vida das pessoas, causa ansiedade, nos faz viver no futuro, pensar nas coisas que podem acontecer, nos faz pessimistas, nos deixa indecisos, afeta o espírito e o corpo, desequilibra o nosso metabolismo, nos faz comer mais ou comer menos, nos deixa irritados, irados, apreensivos e assustados. O medo é, muitas vezes, o precursor da ansiedade e depressão.

Mas uma das piores consequências do medo é que nos faz ver “Deus pequeno” e o objeto/causa de nosso medo muito grande. Infelizmente, para muitas pessoas, a maioria dos medos não está relacionada a Deus, mas a elas mesmas. É o que chamamos de: “temor a homens” que, na verdade, acaba sendo um tipo de idolatria.

É interessante observar que mais tememos a homens do que a Deus! É bom sempre rememorar que o primeiro homem sentiu primeiramente medo porque pecou, desobedeceu a Deus, perdeu a comunhão com o seu Criador. E chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi.” (Gênesis 3.9-10).

Ter medo de desagradar a Deus, de pecar contra Ele é um medo sadio, é o que, recorrentemente, a Bíblia trata como “Temor do Senhor”, mas ter medos infundados, principalmente sobre questões que não existem ou não aconteceram não nos fará bem e não é um testemunho de fé.

Alguns especialistas querem passar a ideia de que fomos criados para viver com medo, eles só não ousam afirmar que isto é um fato decorrido do pecado.

Muitos medos dizem algo sobre nós mesmos, revelam onde está nossa fé, nossa segurança, revelam que ninguém está no controle de nossa vida, ou da situação.

Devemos crer e confiar que Deus está no controle. Deus está sempre presente, Ele é o Senhor Soberano que governa tudo e todas as coisas. Crendo assim devemos ter paz, sossegar o coração e não ter medo. O Salmista escreve: Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra. O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio” (Salmo 46.10) e também: “Ele, em seu poder, governa eternamente; os seus olhos vigiam as nações...” (Salmo 66.7).

O apóstolo João disse: No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor.” (1João 4.14).

Quando confiamos em Jesus Cristo sabemos que Ele não somente nos salva, mas também nos dá segurança e paz para vivermos uma vida sem medos.

Alguns que se dizem crentes vivem com medo porque entendem que as preocupações deste mundo são maiores que Deus, e a Sua Palavra não cria raízes para produzirem neles fé.

Jesus alerta, sobre estes, na parábola do semeador em Marcos 4.18-19:

“Os outros, os semeados entre os espinhos, são os que ouvem a palavra, mas os cuidados do mundo, a fascinação da riqueza e as demais ambições, concorrendo, sufocam a palavra, ficando ela infrutífera”.

Perceba que esse texto está dizendo que essas pessoas são as que “ouvem a palavra”, mas a palavra para elas não é maior ou mais poderosa que as coisas que elas estabeleceram em seus corações como poderosas, coisas que as dominam, governam e causam medos.

As pessoas que lidam com ansiedade e medo sempre têm com que se preocupar em todos os momentos, sentirão medo e serão motivadas e “funcionadas pelo medo”, mesmo que não percebam.

O medo e a ansiedade sufocam a Palavra, a fé, o amor e a vida abundante que podemos ter em Jesus Cristo.

O profeta Isaías falando sobre o redentor ao povo escolhido de Deus repete várias vezes: “não temas” (Is 41.10, 13 e 14).

Deus nos dá a razão pela qual não devemos temer. “Deus está conosco”, essa é a chave para superar o medo.

O mal sempre acontecerá. É inevitável haver ladrões, assassinos, homens maus, desastres, mas Deus está presente e no controle de todas as situações. O Salmo 34.4 diz: “Busquei o SENHOR, e ele me acolheu; livrou-me de todos os meus temores”.

Para vencermos os nossos medos devemos buscar o Senhor, crer que Ele tem cuidado de nós, que nada acontece sem o Seu consentimento e propósito e lembrar sempre que Ele nos ama com amor eterno.

Caro amigo, não alimente o seu coração com medos infundados, antes, deposite a sua confiança e esperança Naquele “que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém!” (Efésio 3.20-21).

Espero que essa pequena reflexão possa ter te ajudado a enfrentar seus medos, presentes ou futuros.

Deus te abençoe,

Um grande abraço,

Eduardo Ferraz


[1] Dicionário Eletrônico Houaais.

27 de junho de 2011

A glória de Deus e seus “efeitos colaterais”

archery_target“O fim principal do homem é glorificar a Deus, e gozá-lo para sempre” é a resposta à primeira pergunta do Breve Catecismo (Qual é o fim principal do homem?). Ela aponta para a afirmação de Paulo de que “dele, por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” e para sua ordem aos coríntios de fazer tudo para a glória de Deus (1Co 10.31).

Assim deveria ser a vida do cristão, porém muitas vezes nos perdemos e acabamos direcionando todas as coisas que deveriam ser para a glória de Deus para outro objetivo. Para exemplificar quero abordar somente duas questões, a evangelização e o testemunho cristão.

Sabemos que a Bíblia ordena a evangelização. Somos chamados para proclamar as virtudes daquele que nos chamou das trevas para sua maravilhosa luz (1Pe 2.9). A proclamação tem por objetivo a glória de Deus, independente dos seus resultados. Quando a Palavra de Deus é anunciada com fidelidade, glorifica o Senhor ainda que endureça os corações. Muitas vezes ela será pregada justamente para isso. É bom lembrar que o próprio Senhor, respondendo à pergunta dos discípulos sobre a razão de falar por parábolas, afirmou: “A vós outros é dado conhecer os mistério do reino dos céus, mas àqueles não é isso permitido” (Mt 13.11).

Quando se perde a perspectiva de que a razão primária para a evangelização é a glória de Deus e entende-se que ela se presta primeiramente para salvar os pecadores, o evangelho acaba por ser maculado e distorcido e os métodos são os mais pragmáticos, pois visam simplesmente a fazer prosélitos e, para isso, é bom apresentar uma mensagem que soe bem aos ouvidos do pecador.

O testemunho cristão também é ordenado. No sermão do monte o Senhor afirmou que seus discípulos são a luz do mundo e que essa luz deveria brilhar diante dos homens para que estes, vendo suas boas obras, glorificassem ao Pai do Céu (Mt 5.16). A razão primária para um bom testemunho, portanto, é a glória de Deus. É claro que quando o crente é uma fiel testemunha do Senhor seus atos o fazem ser vistos como uma boa pessoa, ou, em outras palavras, ter uma boa reputação. Por isso, Pedro pergunta a seus leitores: “Ora, quem é que vos há de maltratar, se fordes zelosos do que é bom?” (1Pe 3.13).

Quando, porém, a preocupação primária é com a reputação, em vez da glória de Deus, o homem acaba por se tornar um fariseu. Os fariseus faziam muitas coisas boas, mas sempre com a motivação errada. Eles davam esmolas (Mt 6.2), oravam (Mt 6.5), jejuavam (Mt 6.16) e o Senhor afirma que tudo isso era feito diante dos homens, com o fim de serem vistos por eles, atitude que deveria ser evitada por seus discípulos (Mt 6.1).

Ainda que querer ver pecadores salvos e ter uma boa reputação sejam coisas boas, elas não podem ser um fim em si mesmas, pois isso não trará glória a Deus. Vivendo, porém, o cristão para a glória do seu Redentor, elas podem ser um maravilhoso “efeito colateral” que decorrerá de uma motivação piedosa e santa.

Deve ficar claro, entretanto, que viver para a glória de Deus nem sempre trará resultados bons aos nossos olhos. No texto em que Pedro pergunta aos leitores sobre quem os maltrataria se fossem zelosos do que é bom ele contempla também a possibilidade de sofrimento e, sem deixar espaço para que alguém pensasse ser injusto sofrer por fazer o que era certo, ele anima os irmãos dizendo: “Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem-aventurados sois [...[, porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal” (1Pe 3.14,17).

Confiados no Senhor, vivamos então para a sua glória, sabendo que os resultados desse viver sempre ocorrerão de acordo com sua vontade soberana e, quer sejam bons ou ruins (pela nossa perspectiva), sempre cooperarão para o bem daqueles que amam a Deus e são chamados segundo o seu propósito (Rm 8.28).

Milton Jr.

20 de junho de 2011

Quanta Incoerência!


Assim como em todo mundo, estamos testemunhando, e por que não dizer, participando de uma luta renhida no Brasil. A luta é por causa da iniqüidade que insiste em ser instalada em nosso país como um regime. São denúncias de corrupção das instituições governamentais, a violência que se espalha (semana passada um motociclista foi assassinado por causa de briga no trânsito), a tentativa de aprovarem leis contra o Evangelho, como a “lei da mordaça” e, agora, as últimas decisões do Supremo Tribunal Federal.

O STF já havia feito uma releitura desconstrucionista da Carta Magna brasileira, a Constituição Federal. Esta afirma que o padrão da família é marido e mulher. Pois o STF acrescentou outras combinações, admitindo que o conceito de núcleo familiar também inclui união marital de pessoas do mesmo sexo. Essa decisão foi além das atribuições do STF, pois este deve fazer cumprir a lei e não legislar. A função de legislar é do Congresso Nacional, o que inclui a Câmara dos Deputados e o Senado. Assim, vemos a afirmação de algo condenado pela lei de Deus. O Senhor Deus estabeleceu um princípio criacional, que vale para todas as pessoas de todos os lugares e épocas, de que o núcleo familiar é constituído da união marital de homem e mulher (“homem e mulher os criou” – Gn 1.27).

Como se não bastasse essa decisão, agora legitimou as campanhas em prol do uso deliberado e autorizado das drogas. Antigamente, quem saía em defesa do uso da maconha, da cocaína, do LSD e afins, poderia ser acusado de “apologia ao crime” ou “apologia ao uso de entorpecentes”. Agora não; em nome da liberdade de expressão, permitiram passeatas em defesa do uso deliberado de drogas. Estão permitindo a apologia a uma praga que mata a sociedade, divide famílias, gera assassinos, incentiva o furto dentro de casa, mata de overdose os que possuem incontrolados desejos de satisfação. "Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo!" (Isaías 5.20).

Enquanto isso, alguns nomes influentes lutam contra o cristianismo, por ser ele o principal oponente da ditadura homossexual. Um gay famoso afirmou em entrevista televisiva que a luta deles será considerada vencida quando o homossexualismo envolver a maioria das pessoas. Para chegar lá, contam com a aprovação de um projeto de lei (PL 122) que simplesmente proíbe o discurso contra o homossexualismo. Ora, se eu prego a Palavra e esta condena o homossexualismo, é obvio que proferirei discursos contra o homossexualismo. Isso poderá ser considerado discurso homofóbico e sujeito a processo, caso o PL 122 seja aprovado.

Percebam a incoerência instalada no país. No que diz respeito à apologia ao uso de drogas, a partir de agora, será permitido. Quando o assunto é homossexualismo, estão tentando proibir o discurso reprovador. Para mim, isso é clara demonstração de que há uma luta terrível sendo travada nos ares. De vez em quando ouvimos uma boa notícia, como a do Juiz de Goiás que negou o registro de união estável de um casal de homossexuais e proibiu os cartórios da comarca a emitirem qualquer registro do tipo, alegando corretamente que o STF extrapolou sua competência. Ele não pode legislar, mas deve apenas fazer cumprir a lei. Mas ainda assim, a luta continua. De um lado, os que querem instalar um regime da iniqüidade institucional, a serviço de Satanás, conscientes ou não disso. Do outro, os que lutam em prol de suas convicções bíblicas e da verdadeira liberdade de expressão, na busca pela promoção da glória de Deus.

A nós cabe o dobrar dos joelhos, em apego incondicional à glória de Deus, e a súplica fervorosa para que Deus mude as tendências do nosso país. Se apenas com as cenas picantes dos filmes, novelas e agarramentos pelas ruas, as pessoas estão mudando os hábitos no namoro e nos relacionamentos sexuais, imagina então quando os cristãos se virem proibidos de sequer pregar contra a iniqüidade? Deus tenha misericórdia!

Pr. Charles

16 de junho de 2011

Não sou evangélico

Ultimamente prefiro ser chamado de cristão reformado. Esta decisão é simplesmente porque o nome indica a minha identidade doutrinária e histórica, ou seja, sou cristão e, isto diz muito coisa, e sou reformado, porque sou herdeiro do movimento de Reforma da Igreja que ocorreu no século XVI. Apenas nestas duas afirmações temos muito que compartilhar de edificante. Mas, num outro artigo poderemos discorrer sobre a riqueza da herança reformada. Por alguns motivos tenho descartado ser reconhecido como evangélico, porque estamos vivenciando uma verdadeira confusão doutrinária e ética nestes tempos pós-modernos. A maioria dos evangélicos ignora que, crer é também pensar! Ser evangélico tem se tornado sinônimo de um grupo de pessoas manipuláveis pelas suas emoções, e dirigidas por interesses que não são nobres nem dignos do Senhor Jesus.

Esta superficialidade se evidencia pelo culto que parece ser configurado para estimular o sistema nervoso e não a mente. O sentir e não o aprender é uma característica em relevo! Realmente em algumas reuniões a adoração deixou de ser um culto racional, para se tornar um momento de excitação emocional (Rm 12:1-2). Não importa entender o que está acontecendo, o que está se fazendo, o que Deus está falando, pelo contrário, os novos adoradores estão querendo extravasar a sua alegria, os seus sentimentos, deixar fluir o seu calor humano! O prazer tomou o lugar do quebrantamento, a liberdade substituiu a reverência e os sentimentos usurparam a posição que o conhecimento tem na vida cristã. James M. Boice e Philip G. Ryken observam que

o que uma vez foi falado das igrejas liberais precisa ser dito das igrejas evangélicas: elas buscam a sabedoria do mundo, creêm na teologia do mundo, seguem a agenda do mundo, e adotam os métodos do mundo. De acordo com os padrões da sabedoria mundana, a Bíblia torna-se incapaz de alimentar as exigências da vida nestes tempos pós-modernos. Por si mesma, a Palavra de Deus seria insuficiente de alcançar pessoas para Cristo, promover crescimento espiritual, prover um guia prático, ou transformar a sociedade. Deste modo, igrejas acrescentam ao simples ensino da Escritura algum tipo de entretenimento, grupo de terapia, ativismo político, sinais e maravilhas - ou, qualquer promessa apelando aos consumidores religiosos. De acordo com a teologia do mundo, pecado é meramente uma disfunção e salvação significa desfrutar de uma melhor auto-estima. Quando esta teologia adentra a igreja, ela coloca dificuldades em doutrinas essenciais como a propiciação da ira de Deus substituindo-a com técnicas e práticas de auto-aceitação. A agenda do mundo é a felicidade pessoal, assim, o evangelho é apresentado como um plano para a realização pessoal, em vez de ser a caminhada de um comprometido discipulado. Para terminar, vemos que os métodos do mundo nesta agenda egocêntrica é necessariamente pragmática, sendo que as igrejas evangélicas estão se esforçando a todo custo em refletir o modo como elas operam. Este mundanismo tem produzido o 'novo pragmatismo' evangelicalismo[1].

Em parte a culpa é dos pastores que desejam ser apenas animadores de palco e que se esqueceram, ou não aprenderam, e pior ainda, não querem estudar o que realmente significa o seu verdadeiro chamado como pregador da Palavra de Deus. Conduzem o seu rebanho e os alimentam num culto estilo “louvorzão” para animar o coração duma multidão de adoradores que vão às reuniões para fazer o seu karaokê gospel e satisfazer o seu gosto pessoal. E, nisto tudo há pouco conteúdo da Palavra de Deus sendo cantado, apenas importam os ritmos e movimentos, coreografias sem sentido no mover de véus e luzes coloridas.

A falta de preocupação em se ouvir, alimentar e viver o ensino da Escritura Sagrada está tornando o meio evangélico desnutrido do seu poder, e de sua autoridade espiritual. Em contraproposta chegam novos movimentos, outros modismos com nomes cada vez mais mirabolantes, unções bizarras, invencionices esquisitas e até neologismos de antigas heresias, como por exemplo, bispa, paipóstolos, ou patriarca! E surge agora o porno-gospel justificando-se pela proposta pedagógica de uma sexualidade cristã respeitosa!

Talvez, tão vergonhosa situação explique porque líderes evangélicos vendem não somente a própria alma, e em tempo de eleições, desavergonhados negociam o voto “porteira fechada” da sua igreja com políticos que não são menos corruptos. Ou ainda, talvez, esta situação explique porque os evangélicos, que estatisticamente ainda é o movimento religioso que mais cresce, é também o que menos influencia socialmente. Todavia, o impacto causado por este evangelicalismo em nosso país somente é percebido quando se faz shows, marchas, ou alianças políticas de moral duvidosa.

Há ainda um mercado gospel que move muito dinheiro. Ressurge nestes tempos pós-modernos a prática medieval da simonia! Vende-se de tudo: cargos eclesiásticos em troca de poder; favores políticos em troca de voto; prosperidade financeira no lugar de santidade; e, a lista não termina aí. Objetos que são uma verdadeira macumba travestida de evangelho, em que, sal grosso, galho de arruda, água abençoada, água do rio Jordão, redinha do Mar da Galiléia, toalhinha suja com suor, e uma infinidade de relíquias se multiplicam conforme a ambiciosa imaginação de quem torna a religião uma mercadoria ao gosto do cliente, que procura mestres segundo o seu interesse (2 Tm 4:3-4). A multidão que vai atrás de pão e cura nunca termina.

É muito estranho como parece difícil para o evangelicalismo entender simplesmente o que é o Cristianismo puro e simples segundo a Escritura Sagrada. O assunto em si não é assim tão complicado, o que falta é um comprometido estudo da Palavra, e a necessidade de um pacto com o próprio coração de viver os valores absolutos e inegociáveis dentro da vontade de Deus. Por isso, insisto: não me chamem, nem me confundam como sendo evangélico, pelo menos enquanto este grupo for sinônimo de uma vida movida por uma graça barata e, vazio do antigo evangelho de Cristo Jesus![2]

[1] James M. Boice & Philip G. Ryken, The Doctrines of Grace (Wheaton, Crossway Books, 2002), pp. 20-21.
[2] Para os desavisados de plantão a pintura acima é de Martinho Lutero na Dieta de Worms posicionando-se definitivamente contra a teologia e os desvios da Igreja Católica Roma.

12 de junho de 2011

Depressão nos personagens bíblicos?

tumblr_lm1kc69SuG1qkecqxo1_500A Bíblia é (ou deveria ser) a regra de fé e prática dos cristãos. Teoricamente isso significa que as Escrituras, corretamente interpretadas, devem ser o crivo para o cristão interagir com todas as cosmovisões ao seu redor, avaliando-as e julgando-as a fim de reter o que é bom (1Ts 5.21). Teria de ser desta forma, pois o salmista afirma ser a Palavra a lâmpada para nossos pés e a luz para o nosso caminho (Sl 119) e o Senhor Jesus afirma ser ela “A verdade” (Jo 17.17).

Porém, para muitos crentes, na prática a teoria é outra. Inundados pelo modo de pensar deste século, crentes sinceros têm se descuidado e feito justamente o contrário, interpretado a Bíblia com pressupostos seculares.

Dia desses deparei-me com um texto assim. Nele, o autor se propõe a tratar de depressão e espiritualidade. Ele começa falando da depressão, principalmente da mulher, sob uma perspectiva médica, afirmando ser um conjunto de sintomas que merecem atenção profissional, médica e psicológica. Segundo o texto:

A depressão feminina está ligada a causas biológicas (puberdade, ciclo menstrual, gravidez ou infertilidade, pós-parto e menopausa), causas culturais (papel da mulher, status social, abuso sexual) e causas psicológicas (estresse, reação às perdas e aos conflitos, discriminação).[1]

O autor explica ainda que a depressão é classificada tradicionalmente em endógena e exógena, sendo a primeira originada por causas internas (biológicas ou predisposições hereditárias) e a segunda causada por fatores externos, como se fosse uma reação a fatores ambientais e circunstanciais (desemprego, divórcio, etc.).

O tratamento, segundo ele, deve seguir dois procedimentos, a avaliação e diagnóstico por um profissional médico e a escolha do tratamento adequado, sendo tratamentos eficazes o medicamentoso e a psicoterapia.

Assumidos os pressupostos, parte-se então em uma busca para provar a depressão biblicamente e, de acordo com os sintomas da depressão descritos no texto, chega-se à conclusão de que Jó, Moisés, Jonas, Davi e, surpreendentemente, o próprio Senhor Jesus passaram por depressão. A evidência seria eles terem pedido para morrer ou, no caso de Davi, ter os ossos e o humor afetados pela depressão. Para o articulista esses exemplos provam o realismo bíblico da depressão demonstrando que a fé não livra o homem de problemas mentais, mas também trazem esperança. Citando Hebreus 2.18 e 4.15 ele afirma que Jesus pode compadecer-se de quem enfrenta depressão por ter ele mesmo sofrido com isso.

Por fim o autor afirma que muitos substituem o tratamento médico pelo religioso por causa de preconceito, por falta de informação ou em nome de uma grande fé e lembra ser a medicina uma bênção do Senhor e os remédios, meios divinos para nossa cura, pois Deus cura extraordinariamente por meio de um milagre, mas ordinariamente cura pessoas por meio de um tratamento médico.

Verificando as implicações

Se assumirmos como corretas as interpretações dos textos bíblicos e as afirmações feitas pelo autor, temos sérias implicações:

1. Certos tipos de emoções e comportamentos (desânimo, tristeza “desproporcional às circunstâncias, aumento ou diminuição do apetite, pensamentos, planos ou tentativa de suicídio, etc.”), devem ser encarados como patológicos;

2. Tivessem os personagens bíblicos citados, incluindo o nosso Senhor, a bênção de viver num tempo em que já existe o Rivotril, a sua “doença” poderia ter sido curada por Deus de modo “ordinário”. Falar da profunda tristeza de Jesus como se fosse desejo de morrer é dizer o que o texto não diz, como ficará claro mais à frente;

3. Conselheiros bíblicos não estão aptos a aconselhar pessoas com depressão, devendo esse trabalho ser feito sempre por profissionais psicoterapeutas;

4. A “conversa psicoterapêutica” é mais eficaz que a “conversa bíblica”;

5. Discordar da perspectiva do articulista sobre a depressão é ser mal informado, preconceituoso e, praticamente, um adepto da confissão positiva.

Para provar ser a depressão uma doença que deve ser tratada de forma medicamentosa, o autor recorre a exemplos bíblicos que “demonstram” a sua realidade. A ironia está no fato de que nenhum dos “depressivos bíblicos” foi tratado com remédio, por razões óbvias.

Testando biblicamente – textos nos seus contextos

Como afirmado no início deste artigo, a Bíblia corretamente interpretada é o parâmetro para julgar todas as outras coisas, e não o contrário. É preciso, então, verificar os textos em seus devidos contextos a fim de afirmar o que estava acontecendo com cada personagem diagnosticado com depressão.

Antes, porém, de nos atermos aos textos, é preciso estabelecer novos pressupostos:

1. A Bíblia ensina que somos governados por nosso coração e o que governa o nosso coração governará a nossa vida (Mt 6.21; Mt 15.19; Sl 141.4);

2. A forma como respondemos às pessoas e circunstâncias dependerá, portanto, daquilo que está governando o nosso coração. Como exemplo, lembremos a negação de Pedro. A despeito de saber o que era o certo a se fazer, acabou por negar o Senhor com medo de morrer;

3. Nossas ações e emoções são fruto da nossa interpretação da realidade. Ainda pensando em Pedro, ele interpretou que os homens eram maiores que o Senhor e que não estaria seguro falando a verdade, ainda que já tivesse ouvido do próprio Jesus que até os cabelos de sua cabeça estavam contados e que, por isso, não precisaria temer os que matam o corpo (Mt 10.16-33).

Assumidos os novos pressupostos, vejamos os textos:

A “depressão” de Jó

Jó é descrito no começo do seu livro como um homem íntegro, reto e que se desviava do mal. O Senhor chega a afirmar a Satanás que não havia na terra homem semelhante a ele (Jó 1.8). Depois que Satanás acusa Jó de servir a Deus somente por ser alvo de suas bênçãos, é permitido que o tentador tire tudo dele. A partir daí a história se desenvolve de forma maravilhosa.

No princípio, Jó faz uma afirmação de fé formidável. Após sua esposa mandá-lo amaldiçoar a Deus e morrer ele diz: “Temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal?” (2.10).

Porém, a partir do capítulo 3 Jó parece interpretar os fatos de outra forma. Sendo ele justo, não poderia estar sofrendo daquela forma, antes tivesse morrido na madre. Isso pode ser confirmado em todo o capítulo 31, no qual Jó fala de suas qualidades ao responder aos seus amigos chegando, por fim, a dizer: “Tomara eu tivesse quem me ouvisse! Eis aqui minha defesa assinada! Que o Todo-Poderoso me responda.” No primeiro versículo do capítulo 32 temos: “Cessaram aqueles três homens de responder a Jó no tocante ao se ter ele por justo aos seus próprios olhos.”

A partir do capítulo 38 Deus, em vez de responder a Jó, lhe faz uma série de perguntas que revelavam seu poder e sua soberania. Ao final, diz o Senhor: “Acaso, quem usa de censuras contenderá com o Todo-Poderoso? Quem assim argui a Deus que responda” (40.2).

O resultado é maravilhoso. Jó afirma: “Sou indigno; que te responderia eu? Ponho a mão na minha boca. Uma vez falei e não replicarei, aliás, duas vezes, porém não prosseguirei.” Jó reconhece que a realidade era diferente daquela que ele interpretava, mas Deus continua com mais uma série de perguntas que apontavam para a sua sabedoria. Ao final Jó confessa que nenhum dos planos de Deus pode ser frustrado e afirma que o conhecia apenas de ouvir, mas que agora que o via se abominava e se arrependia (42.1-6).

A “depressão” de Jó foi causada por uma falsa interpretação da realidade e o tratamento de Deus foi fazê-lo ver com clareza que as coisas não eram como ele entendia. O Senhor confrontou Jó, com sua Palavra, e restaurou-o.

A “depressão” de Moisés

O caso de Moisés é interessante. Desde o começo de seu chamado ele se mostra bastante relutante e, vez por outra, esquecia a promessa feita por Deus ao comissioná-lo: “Eu serei contigo” (Êx 3.12). No episódio em que pediu ao Senhor que o matasse, estava mais uma vez murmurando, pois o povo continuamente reclamava por não ter carne (Nm 11.4). Ele estava achando ser muito pesado o seu encargo e que faria as coisas por sua própria força (Nm 11.14).

A primeira coisa que o Senhor faz é distribuir o trabalho com 70 anciãos e, com menos trabalho, a murmuração de Moisés terminaria, certo? Errado! Deus afirmou que alimentaria o povo e daria tanta carne em um mês inteiro a ponto de sair pelo nariz e o povo se enfastiar dela. Moisés entendeu que novamente seria muito trabalho para ele e reclamou, insinuando ser impossível para ele prover carne para o povo o mês inteiro (Nm 11.22).

Deus trata Moisés confrontando-o: “Ter-se-ia encurtado a mão do Senhor?” (Nm 11.23). Em outras palavras, Deus estava dizendo a Moisés que não precisaria reclamar e se preocupar, pois ele era o provedor.

Mais uma vez o desejo de morrer foi por não confiar no Senhor e o tratamento foi o confronto com as promessas de Deus e a interpretação da realidade pela perspectiva correta.

A “depressão” de Jonas

Jonas é visto no texto como um doente que sofria de grave melancolia ou distimia crônica. Uma leitura rápida do livro já revela a razão de ele pedir a morte. Jonas é chamado por Deus para pregar aos ninivitas, povo poderoso, inimigo de Israel. A primeira coisa que o profeta faz é fugir, ele não queria ver os ninivitas convertidos. Depois do episódio em que é lançado no mar e engolido por um peixe, Jonas acaba parando em Nínive onde prega o sermão mais duro que se poderia pregar e, para sua surpresa, o povo crê em Deus.

O capítulo 4 começa afirmando que, por causa disso, Jonas desgostou-se e irou-se. O texto é claro, o profeta diz que fugiu porque sabia que Deus era misericordioso e, agora, com os ninivitas convertidos, era melhor morrer que viver. Jonas revela um coração egoísta, que não confia nos propósitos de Deus. Ele queria fazer melhor que o Senhor, mas já que isso não foi possível melhor seria a morte.

Deus trata o profeta confrontando o seu egoísmo e demonstrando que da mesma forma que tinha compaixão de uma árvore o Senhor também tinha dos ninivitas. O Senhor estava mostrando a Jonas que a maneira de ele interpretar as circunstâncias estava equivocada.

A “depressão” de Davi

A depressão de Davi é “constatada” não pelo fato de ele ter pedido a morte, mas dos seus ossos e humor terem sofrido seus efeitos. A questão é que esse sofrimento, visto como consequência da doença, era o tratamento de Deus ao rei, que não estava arrependido. Considerando estar Davi doente, a contextualização do Salmo deveria ser: “Enquanto não tomei rivotril, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos noite e dia.”

Porém, como pode ser visto em Hebreus, a disciplina de Deus sobre os seus filhos no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza, mas ao final produz fruto de justiça (Hb 12.11). A tristeza causada pelo peso da mão de Deus constitui-se uma bênção e é parte do processo de reconhecimento do pecado por parte do crente.

Cada um dos casos citados acima, devidamente observados dentro de seus contextos, revela crentes sofrendo profundamente por não interpretar as circunstâncias pela perspectiva das promessas da Palavra de Deus, por não descansar no governo de Deus ou por ocultar o pecado.

Se fossem medicados poderiam até, por um tempo, ter o seu sofrimento aliviado, mas não teriam o pecado do seu coração tratado, o que só pode ser feito pela Palavra de Deus que “é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração (Hb 4.12).

A “depressão” de Jesus

O caso de Jesus foi deixado para ser tratado à parte, pois sua tristeza não foi ocasionada pelas mesmas razões dos outros personagens.

O autor do texto faz duas afirmações e a implicação óbvia é a de que Jesus precisava mesmo era de um tarja preta. São elas: a) Jesus passou por uma depressão profunda e b) ele desejou morrer.

Essas afirmações resistem a um exame do texto? Creio que não, como veremos.

Depois de três anos ensinando os discípulos, curando e anunciando o reino, se aproximava a hora em que o Senhor derramaria o seu sangue para redimir o pecador. Ele chama seus discípulos e sobe o Getsêmani a fim de orar e chamando à parte Pedro, Tiago e João afirma estar profundamente triste, até a morte. Essa frase expressa a profunda tristeza de Jesus, mas será que revela que ele desejou morrer? Olhando para o versículo seguinte fica bem claro que não. Nele Jesus ora rogando ao Pai que, se possível, passasse dele o cálice, ou seja, ele pede exatamente o contrário, pede para não ir para cruz.

O que angustiava Jesus era justamente a morte, pois ela significaria receber a ira de Deus pelos pecados do seu povo, que ele estaria assumindo no Calvário. Por causa dos nossos pecados o Senhor morreria e sentiria o desamparo do Pai, a ponto de clamar: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46).

A afirmação de que Jesus estava triste e pedindo a morte por estar com depressão é então uma falácia. Nem todo o Prozac do mundo aliviaria sua tristeza por ter a comunhão perfeita com o Pai quebrada por causa dos nossos pecados.

Quando o autor afirma, portanto, que Jesus pode compadecer-se de nós por ter sido tentado da mesma forma, ele faz uma afirmação correta, mas parte de uma premissa equivocada. Jesus não pode compadecer-se de doentes por ter experimentado a doença da depressão, mas compadecer-se de homens que são tentados a não confiar no plano de Deus, por ter ele mesmo sido tentado a abandonar o Calvário, mas, em vez disso, ter se submetido à vontade do Pai ao declarar: “Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres” (Mt 26.39). É por isso que o escritor de Hebreus afirma que “foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado (4.15).

Para terminar...

É um grande equívoco assumir como pressupostos teorias científicas e interpretar os episódios de profunda tristeza de personagens bíblicos com lentes seculares. Essa será uma tarefa sempre impossível, pois para a medicina a depressão é caracterizada por um conjunto de sintomas e não pela presença de um ou dois apenas.

Não é objetivo deste texto minimizar o sofrimento humano, de forma alguma. Ele é real e deve ser sempre tratado. A questão aqui gira em torno do “como” tratar. No artigo “Uma crítica do DSM-IV à luz da Bíblia”[2], John Babler afirma acertadamente:

As Escrituras são o caminho apropriado para o entendimento dos assim chamados transtornos mentais: eles consistem em comportamentos derivados do pecado. Uma mudança verdadeira pode acontecer a partir do momento em que o pecado é admitido e há arrependimento. Quando o problema consiste em um coração perdido, a Palavra de Deus é o remédio mais seguro porque o Espírito Santo nos conduz a Cristo.[3]

Alguns podem afirmar que o que foi tratado aqui serve para a chamada depressão exógena, mas não se aplicaria à endógena por esta ter causas biológicas e hereditárias. É importante, então, fornecer algumas informações.

A revista Superinteressante de dezembro de 2010 noticiou que uma pesquisa recente aponta para o fato de que os antidepressivos causam depressão. Isso porque, contrário ao que se pensava, a depressão não é causada pela falta de serotonina no cérebro, mas pelo excesso desse neurotransmissor. Como o antidepressivo aumenta os níveis de serotonina, acaba tendo o efeito contrário ao desejado.[4]

Essa perspectiva não é nova. Thomaz Szasz, psiquiatra e acadêmico, é um ferrenho opositor da ideia da depressão como doença. Quando questionado em uma entrevista sobre a eficácia dos medicamentos ele respondeu:

Não vejo dificuldade em explicar isso. O comportamento humano, seja normal ou anormal, não acontece no vácuo, obviamente ele é mediado pelo modo como o corpo e cérebro da pessoa funciona, e o fato de substâncias químicas afetarem o cérebro em instituições mentais não é mais misterioso do que cerveja, álcool ou outros tipos de bebida afetarem pessoas normais. Elas vão pra casa após um dia de trabalho, se sentem cansadas e deprimidas e tomam alguma bebida e se sentem melhor. Isto não quer dizer que elas estavam doentes antes. Podemos tomar vários tipos de substâncias químicas que afetam nosso comportamento. Isso de maneira alguma prova que o estado anterior era um estado de doença médica.[5]

Outro psiquiatra afirma que, desde que os antidepressivos foram lançados no Reino Unido, pelo menos uma pessoa por semana cometeu suicídio enquanto os tomava, e não teriam cometido se não os tivessem tomado.[6]

Como se pode perceber, não há toda essa unanimidade em relação às causas biológicas da depressão, tampouco sobre os efeitos dos antidepressivos. A desconfiança não parte apenas de “religiosos em nome de uma grande fé”, mas também de médicos e pesquisadores.

Enquanto a ciência não chega a uma conclusão, temos a infalível Palavra de Deus. Somente a Lei do Senhor é perfeita e restaura alma (Sl 19.7) e, como afirma o apóstolo Pedro, pelo conhecimento de Cristo temos todas as coisas que são suficientes para a vida e piedade. Crer nisso não é preconceito ou falta de informação, mas convicção de que Cristo Jesus é plenamente suficiente na vida dos crentes.

Milton Jr.


[1] http://www.ippinheiros.org.br/?p=613

[2] DSM é o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, livro de referência decisivo para os diagnósticos psiquiátricos, e que está em sua quarta edição

[3] John Babler. Uma crítica ao DSM-IV à luz da Bíblia. in: Coletâneas de Aconselhamento Bíblico, v. 2, CCEF e SBPV

[4] http://super.abril.com.br/saude/anti-depressivo-pode-causar-depressao-614371.shtml

[5] http://scienceblogs.com.br/psicologico/2009/04/thomas_szasz_entrevistado_sobr.php

[6] http://www.youtube.com/watch?v=j63-8Ac3dh0

7 de junho de 2011

Não inverta a ordem

achato3Se seu irmão pecar contra você, vá até ele e, se ele se arrepender, a questão está resolvida. Se não se arrepender, chame uma ou duas testemunhas e vá novamente a ele. Se ele não atender, diga à igreja e se, por fim, não ouvir também a igreja, considere-o gentio e publicano, ou seja, trate-o como se não fosse da igreja. De forma resumida, é este o ensinamento de Jesus em Mateus 18.15-17 sobre o que fazer quando somos alvo do pecado do irmão.

Ainda assim, muitos teimam em inverter a ordenança do Senhor.

Consideremos um exemplo hipotético: José peca contra Manoel. A primeira atitude de Manoel é considerar José gentio e publicano, pois começa a evitá-lo. Ele não faz mais parte de “sua” igreja. Pode até freqüentar o mesmo local de culto, mas não faz parte de sua igreja particular. Depois disso, Manoel começa a campanha de falar aos outros o que José lhe fez e o quão pecador ele é. Talvez um dia, Manoel venha saber que José estava magoado com ele e se arrependa ou acabe também se chateando, e algo que poderia ser resolvido seguindo os passos bíblicos se torna um grande conflito onde o que interessa é saber quem pecou primeiro.

Na primeira vez que li sobre a ordem de Jesus fiquei a questionar: Porque o ofendido é quem tem de procurar o ofensor? A obrigação de procurar deveria ser de quem ofendeu e não o inverso.

Hoje entendo que é porque muitas vezes ficamos ofendidos e o irmão nem sabe o que nos causou. Pode ser que ele não tivesse a intenção de nos magoar e acabou magoando, mas nunca saberá disso, a não ser que, cumprindo a ordem de Jesus, o procuremos para que a paz se estabeleça e Deus seja glorificado.

Infelizmente, o que muitas vezes nos impede é o orgulho pecaminoso, é achar que quem nos ofende não é digno de que o procuremos, é nos achar melhores que os outros e que não existe a mínima possibilidade de fazermos algo semelhante.

Da próxima vez que nos sentirmos ofendidos, humildemente sigamos o padrão estabelecido pelo Senhor, se não temos feito isso até então. Certamente, essa é a única e melhor maneira de resolver os nossos problemas. Lembremo-nos de que o pecado do nosso irmão não autoriza ou justifica o nosso pecado de deixar de lado o que o Senhor nos ensinou.

Milton Jr.

3 de junho de 2011

O HOMEM CRISTÃO CONTRA O MUNDO!

O princípio de Deus concernente à liderança masculina sobre a mulher é uma das doutrinas mais incompreendidas das Escrituras Sagradas. Por causa disto, duas atitudes pecaminosas e antibíblicas são assumidas pelos homens dentro da família, Igreja e sociedade.

A primeira é a omissão total do seu papel de líder. Como é desastroso um marido omisso que não toma as rédeas de seu próprio lar, deixando de conduzir a esposa e os filhos por meio da autoridade concedida por Deus, causando insegurança e instabilidade emocional e prática nos que habitam o lar. É sofrível também contemplar uma igreja onde as mulheres são obrigadas a assumir o papel que não lhes pertence pela omissão dos homens. São os “bananas” que criam vacância no espaço do poder, obrigando ou favorecendo as mulheres a assumirem o papel exclusivamente masculino, promovendo a inversão pecaminosa daquilo que o Senhor ordenou para a economia familiar, social e eclesiástica.

A segunda é a manifestação machista que provém do chauvinismo asqueroso onde o homem se sente no direito de, não apenas se sentir melhor, mas agir como se a mulher estivesse abaixo dele. É a falsa sensação de superioridade que inexiste na estrutura divina. É o pecado do orgulho que afronta a santidade do Senhor Deus, levando-o à ira e à indignação. Neste caso encontramos a violência contra a mulher que tanto ocorre no Brasil. Homens que violentam mulheres são asquerosos e sequer devem ser vistos como pessoas, são animais que devem viver em jaulas.

Mas onde está o equilíbrio bíblico? É aqui que encontramos um terreno minado onde se deve ter o maior cuidado para não ser mal interpretado, ao mesmo tempo em que se deve andar firmemente nas Escrituras e somente nela construir o fulcro seguro para a perfeita compreensão desta realidade funcional.

Nesse contexto, gostaria de tratar esse complexo assunto em quatro reflexões sobre o que significa a autoridade masculina e, por inferência, o que significa a submissão feminina:

1. A autoridade masculina não tem o direto de suprimir as qualidades femininas:

Muitos homens pensam que liderar é o mesmo que desvalorizar. Acham que possuem o direito de impor o seu comando à mulher que, por sua vez, deve se resignar à sua condição de empregada ou objeto sem valor. Não é difícil perceber como este comportamento é pior que o adotado nas repartições de trabalho onde há o respeito e a consideração por todos e por todas.

Mesmo que muitos não aceitem, a mulher possui dons e talentos que devem ser reconhecidos e até estimulados. A capacidade dada por Deus faz com elas sejam mestras do bem1, instrutoras da verdade2, inteligentes na administração da casa3, negociadora e lucrativa4, para citar apenas algumas. O marido bíblico é aquele que reconhece e incentiva a atuação da mulher dentro da sua esfera de atuação, pois é exatamente isso que Deus faz quando coloca sobre nós os ministérios do Reino, Ele nos dá liberdade de atuação dentro da nossa esfera de atuação.

2. A autoridade masculina faz do homem um servo da mulher:

Muitos homens certamente torcerão o nariz aqui, mas é isso mesmo o que as Escrituras ensinam. Comecemos com algumas palavras do Senhor Jesus:

Então, Jesus, chamando-os, disse: Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo; tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.5

Ouçamos um pouco mais do Mestre:

Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o sou. Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou. Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes.6

Agora vejamos o que Paulo nos ensina:

Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros.7

Minha pergunta é: será que estes princípios não se aplicariam ao relacionamento entre o homem e a mulher? Bem que muitos homens de belial pensam mesmo que não, mas para desespero deles, a resposta é clara e indubitável: sim, os textos supracitados se aplicam ao relacionamento entre um homem e uma mulher!

Vejamos outra passagem importante de Paulo:

Por esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor. E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo. E as mulheres sejam ao seu próprio marido, como ao Senhor...8

Note que Paulo menciona a submissão da mulher como conseqüência da submissão mútua no Corpo de Cristo, logo, em certa medida, as atitudes do marido para com a mulher devem ser as de um servo. O marido deve servir a mulher, e o que diferenciar disso é pecado do egoísmo e do orgulho. Por falar nisso, vejamos a terceira reflexão.

3. A autoridade masculina suprime a vontade egoísta e o orgulho do homem:

Quando Paulo menciona sobre como o homem deve liderar a mulher, ele diz:

Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito. Assim também os maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama. Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja; porque somos membros do seu corpo. Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne. Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja. Não obstante, vós, cada um de per si também ame a própria esposa como a si mesmo...9

Todos sabem que o segundo grande mandamento fala do amor ao próximo que deve ser igual ao amor próprio, e é exatamente este princípio que Paulo aplica aqui. O amor do marido à sua mulher deve esmagar os seus desejos particulares e egoístas e, ao mesmo tempo, preservar a esposa o máximo possível. Na prática, o marido deve cuidar do bebê por toda a madrugada para que a mãe descanse sem perturbação, deve lavar a roupa da casa quando a família não dispõe de uma máquina de lavar, deve lavar a louça quando possível, deve fazer a faxina pesada do final de semana, deve participar ativamente da criação e da disciplina dos filhos. Ou seja, o marido deve se gastar ao máximo para preservar sua mulher sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante.

Nenhum marido deve se esconder no seu trabalho fora de casa usando o cansaço como desculpa para satisfazer a preguiça e ficar como um reizinho no centro do lar enquanto sua companheira dá duro. A autoridade do homem deve fazer com que ele diga: “deixe isto por minha conta, meu amor, relaxe enquanto eu pego no pesado aqui em casa”.

O objetivo da liderança masculina é glorificar a Deus e proteger a mulher, mesmo que ele tenha que dar a vida para isso. É sempre bom lembrar que a mulher se submete ao Senhor, à Sua proteção e cuidado, e o instrumento para esta proteção e cuidado é o homem.

4. A autoridade masculina existe somente porque Deus assim determinou:

É risível saber que existem homens que acreditam piamente que Deus os colocou na liderança por seus méritos masculinos. Muitos também dizem que Deus é homem. Ora, Deus é espírito santíssimo que não se submete a nenhum gênero, quer seja masculino ou feminino. Se para comunicar os seus atributos, Ele utiliza as características masculinas, o mesmo Ele faz utilizando as características femininas ao se comparar, por exemplo, às mães que geram e amamentam. Mas nem por isso devemos afirmar o absurdo que Deus é mulher. O mesmo absurdo ocorre com aqueles que atribuem o gênero masculino à pessoa de Deus. Portanto, tal argumentação é fraca e inconsistente. O princípio bíblico da autoridade masculina na economia do lar, da Igreja e da sociedade é regido pela lei da primogenitura. O homem veio primeiro, logo ele é o líder. Também a posição de poder não faz da mulher um ser inferior de acordo com que Paulo diz:

Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo. (...) Porque o homem não foi feito da mulher, e sim a mulher, do homem. Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, e sim a mulher, por causa do homem. (...) No Senhor, todavia, nem a mulher é independente do homem, nem o homem, independente da mulher. Porque, como provém a mulher do homem, assim também o homem é nascido da mulher; e tudo vem de Deus.10

Portanto, não há mérito, mas graça pactual naquilo que o Senhor determinou para o funcionamento e a interdependência encontrados nos relacionamentos familiares, eclesiásticos e sociais. E mesmo que haja homens tolos que neguem este princípio, é bom lembrá-los de um texto iconoclástico para a época em que foi escrito, um texto de Paulo que diz:

Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes. Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.11

Quero concluir esta postagem dizendo que a posição do homem é muito, mas muito mais difícil que a da mulher. A responsabilidade é muito grande. Como é sério ter que cuidar de alguém e servi-la com todo amor e dedicação conforme a vontade do Senhor Deus. Por isso, homens crentes, lembrem-se da nossa responsabilidade, pois prestaremos contas ao eterno Juiz. Homens crentes, lembrem-se de que a mulher deve se submeter ao marido crente que a ama e que por ela se dispõe a fazer qualquer sacrifício, mesmo que isso traga um profundo gasto.

Tudo isso é difícil, porém possível!

Sola Scriptura
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1. Tt 2: 3
2. Pv 31: 26
3. Tt 2: 5
4. Pv 31 1 – 20
5. Mt 20: 25 – 28
6. Jo 13: 13 – 17
7. Fp 2: 3, 4
8. Ef 5: 17 – 22
9. Ef 5: 25 – 33
10. 1 Co 11: 3, 8, 9, 11, 12
11. Gl 3: 26 – 28