“O fim principal do homem é glorificar a Deus, e gozá-lo para sempre” é a resposta à primeira pergunta do Breve Catecismo (Qual é o fim principal do homem?). Ela aponta para a afirmação de Paulo de que “dele, por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” e para sua ordem aos coríntios de fazer tudo para a glória de Deus (1Co 10.31).
Assim deveria ser a vida do cristão, porém muitas vezes nos perdemos e acabamos direcionando todas as coisas que deveriam ser para a glória de Deus para outro objetivo. Para exemplificar quero abordar somente duas questões, a evangelização e o testemunho cristão.
Sabemos que a Bíblia ordena a evangelização. Somos chamados para proclamar as virtudes daquele que nos chamou das trevas para sua maravilhosa luz (1Pe 2.9). A proclamação tem por objetivo a glória de Deus, independente dos seus resultados. Quando a Palavra de Deus é anunciada com fidelidade, glorifica o Senhor ainda que endureça os corações. Muitas vezes ela será pregada justamente para isso. É bom lembrar que o próprio Senhor, respondendo à pergunta dos discípulos sobre a razão de falar por parábolas, afirmou: “A vós outros é dado conhecer os mistério do reino dos céus, mas àqueles não é isso permitido” (Mt 13.11).
Quando se perde a perspectiva de que a razão primária para a evangelização é a glória de Deus e entende-se que ela se presta primeiramente para salvar os pecadores, o evangelho acaba por ser maculado e distorcido e os métodos são os mais pragmáticos, pois visam simplesmente a fazer prosélitos e, para isso, é bom apresentar uma mensagem que soe bem aos ouvidos do pecador.
O testemunho cristão também é ordenado. No sermão do monte o Senhor afirmou que seus discípulos são a luz do mundo e que essa luz deveria brilhar diante dos homens para que estes, vendo suas boas obras, glorificassem ao Pai do Céu (Mt 5.16). A razão primária para um bom testemunho, portanto, é a glória de Deus. É claro que quando o crente é uma fiel testemunha do Senhor seus atos o fazem ser vistos como uma boa pessoa, ou, em outras palavras, ter uma boa reputação. Por isso, Pedro pergunta a seus leitores: “Ora, quem é que vos há de maltratar, se fordes zelosos do que é bom?” (1Pe 3.13).
Quando, porém, a preocupação primária é com a reputação, em vez da glória de Deus, o homem acaba por se tornar um fariseu. Os fariseus faziam muitas coisas boas, mas sempre com a motivação errada. Eles davam esmolas (Mt 6.2), oravam (Mt 6.5), jejuavam (Mt 6.16) e o Senhor afirma que tudo isso era feito diante dos homens, com o fim de serem vistos por eles, atitude que deveria ser evitada por seus discípulos (Mt 6.1).
Ainda que querer ver pecadores salvos e ter uma boa reputação sejam coisas boas, elas não podem ser um fim em si mesmas, pois isso não trará glória a Deus. Vivendo, porém, o cristão para a glória do seu Redentor, elas podem ser um maravilhoso “efeito colateral” que decorrerá de uma motivação piedosa e santa.
Deve ficar claro, entretanto, que viver para a glória de Deus nem sempre trará resultados bons aos nossos olhos. No texto em que Pedro pergunta aos leitores sobre quem os maltrataria se fossem zelosos do que é bom ele contempla também a possibilidade de sofrimento e, sem deixar espaço para que alguém pensasse ser injusto sofrer por fazer o que era certo, ele anima os irmãos dizendo: “Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem-aventurados sois [...[, porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal” (1Pe 3.14,17).
Confiados no Senhor, vivamos então para a sua glória, sabendo que os resultados desse viver sempre ocorrerão de acordo com sua vontade soberana e, quer sejam bons ou ruins (pela nossa perspectiva), sempre cooperarão para o bem daqueles que amam a Deus e são chamados segundo o seu propósito (Rm 8.28).
Milton Jr.
5 comentários:
Milton,
Bela reflexão. Você tocou na ferida do evangelicalismo brasileiro ao afirmar que a motivação da evangelização deve ser a glória de Deus.
Também o testemunho deve promover a glória de Deus e não ser motivado pelo egoísmo ou como moeda de troca com Deus, muito menos como expressão apenas do medo, mas sobretudo de amor e zelo pelo nome de Deus!
Abraço!
Infelizmente, a reflexão mostra exatamente como anda o meio evangélico, onde a glória de Deus anda esquecida, são movidos por resultados, acreditam que o fim, justifica os meios e encontramos muitos "meios convertidos", que a biblia chama de apóstatas.
Em 1 João 2:19, diz especificamente que aqueles que apostatam estão demonstrando que nunca foram cristãos verdadeiros.
Deus abençoe sua vida e seu ministério.
Infeizmente a reflexão representa extamente como anda o meio cristão, são movidos por resultados, acreditam que o fim justifica os meios. A biblia chama estes de apóstatas. Em 1 João 2:19, diz especificamente que aqueles que apostatam estão demonstrando que nunca foram cristãos verdadeiros.
Deus abençoe sua vida e seu ministério.
É a mais pura verdade! Vemos igrejas lotadas, mas não vemos corações modificados. Dou glória a Deus por ter em minha igreja (IPA) a pregação do genuíno evangelho. Algumas igrejas, ditas evangélicas, realmente não pregam as verdades contidas nas escrituras, mas outras estão empenhadas em transmitir ao “pé da letra”, doa a quem doer, o que o Senhor espera de nós. No entanto, mesmo naquelas onde há verdadeira exposição da palavra, muitos parecem não entender ou não querer aceita-las em suas vidas. Vivendo de maneira representativa dia após dia, onde em nada glorifica ao nosso Deus. Que o Senhor tenha misericórdia de nós e nos ajude a glorificá-lo em tudo o que fazemos e pensamos.
Vejo que Deus está tocando nossos pastores, ao exemplo deste texto, para o despertamento da igreja. Compartilho com vocês a belíssima mensagem, exposta domingo passado 26/06, sobre a segunda volta de Cristo: http://vimeo.com/25711606
Que o Senhor continue a abençoar e motivar os verdadeiros pregadores da santa e verdadeira palavra de Deus.
É isso aí Charles!!!!
Obrigado pela força.
Deniz,
Obrigado pela visita.
Yone,
Obrigado por compartilhar o link com o sermão do Pr. Alan que é, de fato, um expositor fiel das Escrituras.
Abraço a todos.
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