De todos os filmes de Peter Pan, o que mais me chamou a atenção foi aquele interpretado pelos atores Robin Williams no papel de Peter e Dustin Hoffman no papel de Capitão Gancho. Parte do filme retratava um pai tão envolvido em seu trabalho que seus filhos eram sempre prejudicados. O Capitão Gancho entra em cena e acaba ganhando a confiança dos filhos, dando aquilo que ele mais queriam, tempo e atenção (claro, como um vilão!).
Já parou para analisar que muitos pais passam mais da metade de suas vidas mais produtivas, preocupados em “investir e garantir” boas oportunidades a seus filhos? Só que se esquecem que os filhos precisam mais de seus pais hoje do que de seus pais no seu futuro!
Você já ouviu essa frase: “Nossos filhos precisam mais de nossa presença do que de nossos presentes!”?
Temos visto e ouvido nestes últimos anos, vários “profissionais” que tratam do tema “educação de filhos”, nomes consagrados como Içami Tiba, a televisiva Super Nani e outros, “ensinando” muitos pais que enfrentam dificuldades na criação e educação dos filhos.
No começo de meu ministério eu e minha esposa tivemos a grata oportunidade de trabalhar por alguns anos com adolescentes e jovens. Pudemos observar que os jovens que mais necessitavam de atenção, eram aqueles que alguns, de forma muito imprópria, chamam de “aborrecentes”. Eram os jovens cujos pais não davam a atenção, tempo e educação devida quando ainda crianças. Sei que o mundo pós-moderno, dificultou muito a vida dos pais e na educação de seus filhos. Pais são responsáveis em prepará-los para enfrentarem a vida, e quando negligenciam esta responsabilidade eles os “aborrecem” e correm o risco de perdê-los.
Paulo, na sua carta aos Efésios cap. 6 versos 1-4, diz para os filhos obedecerem e honrarem os pais, mas a primeira responsabilidade esta com os pais, pois se estes não ensinarem a seus filhos o que o Senhor ordena como os filhos irão obedecer-lhes e honrá-los?!?
Muitos filhos adolescentes e jovens “proporcionam” maiores ou menores problemas aos seus pais conforme a educação moral e espiritual que receberam quando crianças.
Tenho dois filhos preciosos, assim como vocês também devem considerar os seus. Eles têm nos proporcionado muitas reflexões e desafios em nossa privilegiada e desafiadora missão de pais. Muitas vezes eles me fazem sentir culpado quando penso no tempo que não passo com eles, na educação e exemplo que estou lhes dando. Quero compartilhar com os pais que enfrentam o mesmo problema que eu alguns princípios bíblicos que pela misericórdia de Deus tenho tentado aplicar com meus filhos. Princípios que tenho certeza que muitos dos leitores já ouviram e praticam, mas fica aqui um reforço.
1º) Devemos ser pais intercessores
Orar a Deus pelos nossos filhos é a primeira ação de devemos e podemos fazer. Veja o exemplo do personagem bíblico Jó. No texto de seu livro (Jó 1.4,5) diz que ele continuamente intercedia pelos filhos! O pai Jó se via como um sacerdote do lar e queria ver seus filhos livres das conseqüências do pecado. Orar pelos nossos filhos é um meio de graça que podemos fazer de graça!
2º) Devemos ser pais professores
Vários textos bíblicos nos ordenam a ensinar nossos filhos. Textos como o de Provérbios 22.6 – “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele”. Temos aqui um princípio que ordena o pai preparar o caminho presente e futuro para o filho trilhar. Devemos entender que os filhos dependem de nós para trilharem caminhos de bom caráter e virtudes espirituais. O Salmo 78.1-8 é um exemplo direto para os pais professores ensinarem seus filhos sobre o Senhor e suas maravilhas.
O perigo de não ensinar os filhos sobre quem é Deus, sua graça, seu amor, seus mandamentos e sua justiça, é algo que pode comprometer negativamente uma geração inteira. Foi o que aconteceu no tempo de Juízes, veja: “Foi também congregada a seus pais toda aquela geração; e outra geração após eles se levantou, que não conhecia o Senhor, nem tampouco as obras que fizera a Israel. Então, fizeram os filhos de Israel o que era mau perante o Senhor; pois serviram aos baalins. Deixaram o Senhor, Deus de seus pais, que os tirara da terra do Egito, e foram-se após outros deuses, dentre os deuses das gentes que havia ao redor deles, e os adoraram, e provocaram o Senhor à ira” (Jz 2.10-13).
Se tiver que deixar uma legado aos seus filhos deixe o melhor legado, e este, é conhecerem ao Senhor.
3º) Devemos ser pais disciplinadores
Infelizmente o estado não compreende os mandamentos e princípios da Palavra de Deus e tem feito um desfavor as famílias e a sociedade em geral, privando as crianças da disciplina que os livrará da morte e do fracasso. Só para pensarmos juntos: Não conheço nenhum dos meus amigos que sejam revoltados ou problemáticos hoje por levarem alguns “petelecos” quando desobedeciam aos pais, pelo contrário, são homens de bem e de caráter.
A disciplina moral e física quando bem aplicadas são bênçãos maravilhosas na vida de nossos filhos, bênçãos que valerão para a vida toda.
Há na Palavra de Deus várias orientações e princípios sobre a disciplina, inclusive com o uso da vara. Confira algumas delas: Provérbios 13.24; 23.13; 29.15.
Nunca discipline seu filho injustamente (explique, faça-o ver que pecou deliberadamente); com ira (faça-o conscientemente e com calma); com brutalidade (nunca use as mãos, mas uma varinha bem dosada, o bum-bum é o melhor lugar); com abandono (dependendo, dê a ele um tempo para chorar e pensar, depois o abrace e diga que o ama).
Caro leitor, poderia também falar do pai amigo, pai que brinca, pai que passeia, pai presente.... mas,deixarei para outra oportunidade. Aproveito para indicar um livro de um querido mestre e amigo, “101 Idéias para a Família” – David J. Merkh/Carol Merkh, Ed. Hagnos.
Por último, algo que também aprendi e sei que é muito importante para “coroar de bênçãos” essas práticas:
Ame e demonstre verdadeiro amor e respeito pelo seu cônjuge, faça seus filhos entenderem e verem que sua esposa/o é o primeiro(a) na escala de seu amor, isso com certeza irá dar muita segurança a eles.
Encerro este Post com as conhecidas palavras de um Juiz de Houston (Texas- USA) publicada na Revista Reads Digest – Seleções em 1963. (fiz minhas adaptações)
DEZ MANEIRAS PARA PERDER SEU FILHO
1º Dê tudo o que ele pedir. Realize todas as suas vontades;
2º Ache graça quando ele falar ou fizer coisas erradas (palavras e coisas que não edifiquem);
3º Não tenha compromisso com a Igreja e nem cobre dele isso também;
4º Nunca use a palavra “pecado”, nem apresente Jesus como Salvador;
5º Faça tudo por ele (p.ex.: guardar brinquedos; arrumar o quarto; resolver os deveres escolares...), prive-o de responsabilidades;
6º Deixe-o assistir o que quiser na TV e navegar onde quiser na internet;
7º Não faça conta do dinheiro que ele gastar, não lhe ensine nunca que dinheiro vem de trabalho duro, e gastá-lo é sempre mais fácil;
8º Jamais diga “NÃO”. Quebre sempre suas promessas de não e sim;
9º Brigue e discuta com o seu cônjuge na frente dele;
10º Não use a correção, castigo e disciplina.
Não deixe que seu filho seja “roubado” pelo “Capitão Gancho”, nem por ninguém. Seja você o “Capitão Temporário” do coração dele, sempre conduzindo-o ao Capitão de sua vida, JESUS CRISTO.
Pr. Eduardo Ferraz
5 comentários:
Eduardo,
Este é um daqueles artigos que me deixa envergonhado diante dos erros que cometo como pai. Me edificou bastante. Parabéns! Suas postagens têm me instruído muito.
Abraço!
Querido Charles
Tanto difícil de escrever é também praticar.
Também me sinto envergonhado muitas vezes, mas não podemos esmorecer.
Pois o inimigo é como Leão que anda e derredor ....
Só pela graça do Senhor.
Seus posts também me edificado.
Grande abraço.
Eduardo
Eduardo,
Grande é a nossa missão: pregar o evangelho aos nossos filhos. Obrigado por nos lembrar disso.
Parabéns pelo excelente post!
Que Deus o abençoe!
Eduardo,
Lendo seu artigo, me lembrei exatamente da carinha de seus meninos e da Karin... saudades...
Mas, falando de mim, compartilho da vergonha em muitas vezes falhar como mãe... tão mais fácil é deixar rolar, não?! É um exercício de esforço diário e constante...
Deus nos ajude!
Eduardo,
Brilhante pela simplicidade e profundidade.
A relevância do assunto se dá por ter vista o futuro de nossas crianças.
Forte abraço,
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