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9 de setembro de 2010

Brasil, ame-o ou deixe-o

“Se o Diabo atormenta aqueles que têm zelo para com o Evangelho, [...]. É em razão de nossas faltas [...] e porque não damos a Deus o devido reconhecimento.[1]

Amado irmão brasileiro, semana passada levei meus filhos a um programa da escola em que estudam, um evento voltado para solidariedade. Na “Abertura” eles cantaram o Hino Nacional Brasileiro, e o diretor deu uma breve palavra sobre patriotismo e civismo. Pude observar que muitos daqueles garotos e garotas não sabiam cantar o Hino Nacional, aliás, não se canta mais o Hino Nacional nas escolas e os jovens não aprendem os hinos da Independência e da Bandeira. Lembro-me de que na idade desses garotos, além dos três hinos citados, aprendíamos o hino da cidade, tínhamos aula de “Educação Moral e Cívica”, e se não me falha a memória era no governo do presidente Médici, época da ditadura militar.

Acabamos de comemorar a Semana da Pátria, data instituída pelo governo Costa e Silva. Lembro-me de que, nessa semana, cada aluno tinha de guardar a Bandeira Nacional por uma hora, fazíamos isso com muito orgulho e amor pelo Brasil!

Nos tempos da ditadura militar, o presidente Médici espalhou por todo país uma frase de opção radical: “BRASIL, ame-o, ou deixe-o”.

Quero esclarecer que não sou saudosista, nem simpatizante da “ditadura militar”, sei dos muitos erros, injustiça e pecados que foram cometidos pelos governantes daquela época. Época chamada de “Anos de Chumbo”, um tempo criticado e estigmatizado por muitos que sofreram injustiças. Mas sei também que, nessa época, o adultério, a prostituição, a pornografia, o homossexualismo e o aborto eram crime; os bons costumes, o pudor, o valor da família e a educação eram muito mais valorizados. Lembro de minha mãe dizendo que na escola pública ela estudava inglês, francês e latim, e que os professores eram respeitados e tinham toda autoridade na sala de aula. Foi nesses anos que os bandidos, marginais e traficantes não tinham a moleza de hoje, a política não era tão corrupta e suja, os filhos não desrespeitavam nem matavam seus pais, e casais não se descasavam e casavam com tanta facilidade. A censura não era só da política e contra o comunismo, mas também contra a pornografia e programas de televisão contrários aos bons costumes. Creio que nenhum brasileiro, que é patriota, independente de sua crença ou religião, está satisfeito com a situação que se apresenta em nosso amado Brasil.

É do conhecimento de todos que há anos observamos a deterioração da política nacional. Conceitos como: ética, moral, civismo, patriotismo, justiça e verdade são virtudes antagônicas a tudo que acontece neste meio. Tantos escândalos, crimes, decoros, tantas provas de corrupção velada ou escancarada, e tudo fica por isso mesmo, ninguém tem força de mudar as coisas, ou ninguém quer mudar as coisas?

Muitas leis que já foram aprovadas e outras que tramitam no congresso estão e irão piorar ainda mais a questão moral e social do país. Leis que aprovam o aborto, o homossexualismo (casamento entre o mesmo sexo), leis que incitam e permitem crianças e adolescentes a fazer sexo antes do casamento, leis que proíbem a manifestação de pensamentos contrários ao homossexualismo, leis que promovem e aprovam a iniquidade. Leis que, além de não melhorar em nada a sociedade, não perscrutam nenhum benefício real, social e moral, mas, acima de tudo, são contrárias à Palavra de Deus e afrontam diretamente a sabedoria e autoridade do Criador, em relação à Sua mais bela e amada criação, o ser humano.

Entendo que a causa de toda esta situação não é o fim do militarismo; o mau uso da democracia; a falta de patriotismo e nem mesmo do pós-modernismo, mas a falta de temor a Deus. O pecado humano lançou Deus fora da sua esfera do governo. “Diz o insensato no seu coração: Não há Deus. Corrompem-se e praticam abominação; já não há quem faça o bem. Do céu olha o Senhor para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus. Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer” (Livro dos Salmos, Cap. 14.1-3). O homem sem Deus não pensa, não raciocina, ficou insensato e louco; “se tornaram nulos em seus próprios raciocínios”, desconsideram a justiça e a ira de Deus que “se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça” (Carta do apóstolo Paulo aos Romanos, Cap. 1.18).

Entendendo que o pecado é a causa de tudo, precisamos também entender que, se ficarmos calados diante de tudo que está acontecendo, seremos “co-responsáveis” e culpados diante de Deus, pois aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando” (Carta de Tiago 4.17).

É triste, mas parece que vivemos num tempo de profundo egoísmo e interesses pessoais. Muitos dizem: “tá bom pra mim e para os meus, melhor não mudar nada!” Será que a premissa romana de “pão e circo” é o que domina a nação? Para quem não conhece história, “o Império Romano” foi destruído pela decadência ética e moral de seus governantes e governados.

Temos de denunciar e lutar contra a injustiça, a mentira e a iniquidade. Não podemos viver como cidadãos isolados da Polis, vivendo apenas pelos nossos interesses. Há princípios na Palavra de Deus, que podem e devem ser aplicados na nossa ação como cidadãos desta pátria, princípios como os da 1ª carta do apóstolo Paulo aos Coríntios, Cap. 10.24: Ninguém busque o seu próprio interesse, e sim o de outrem” e da carta aos Filipenses, Cap. 2.4.Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros.”

É o triunfo real do verdadeiro patriotismo, aquele que, em vez de fundar-se nos interesses particulares ou de grupos [...], repousa na defesa das liberdades humanas essenciais; é o patriotismo que o Evangelho engendra.[2]

Se estamos vendo as mentiras, as iniquidades e impiedades que mergulham o Brasil num poço de lama, mesmo que tenhamos “sobra” de pão, precisamos esclarecer “que nem só de pão viverá o homem, mas de toda Palavra de Deus” (Evangelho segundo Lucas Cap. 4.4). Não somos gado, somos seres humanos, criados à imagem e semelhança de Deus, um Deus de amor, um Deus Santo e Justo. Temos a obrigação de combater a iniquidade, e também a obrigação de avisar que “A ira de Deus ... vem sobre toda a impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça” (Carta do apóstolo Paulo aos Romanos, Cap. 1.18).

Irmão brasileiro, “Não deixe o Brasil!” Não deixe de exercer sua cidadania, não deixe de ser patriota, ame o Brasil, ame a justiça, ame a verdade, ame acima de tudo a Deus!

Eduardo Ferraz


[1] O Pensamento Econômico e Social de Calvino, 1ª Edição – André Biéler, Casa Editora Presbiteriana, SP, pg. 160)

[2] [2] O Pensamento Econômico e Social de Calvino, 1ª Edição – André Biéler, Casa Editora Presbiteriana, SP, pg. 160).

9 comentários:

Samuel Vitalino disse...

Ferraz,

Esse seu post revelou mais que simplesmente sua idade (rapaz, adolescente no tempo do Médice - o cara é velho mesmo), mas principalmente a sua coragem.

Reflexão importante especialmente nessa época pré-eleição. Eu espero que depois dela ninguém pixe no muro: "O último que sair apague a luz".

Abraço,

Tiago Cesar Nascimento disse...

O sistema político brasileiro realmente cegou cada vez mais nossos olhos com sua história de "politicagens". Perdemos a noção de fazermos parte duma sociedade; somos indivíduos com nossos próprios problemas. O problema é que, sem perceber, isto está se voltando contra ele mesmo. Uma sociedade não se torna forte e saudável dessa forma. O pior de tudo, entretanto, é a distância cada vez maior da moral cristã em nossas pedras fundamentais, a ex. das Leis, tendo em vista agradar a gregos e troianos. Sabemos que em teoria nosso Estado é laico, todavia o que nos mantêm de pé são as bases dos Direitos Humanos em que se edificou a sociedade ocidental, claramente em muitos pontos recheadas de valores cristãos (ainda que não declaradamente). Tais valores estão sendo expurgados de nossos guias e Leis, o que sugere uma explicação possível das consequências vistas atualmente... A tolerância a tudo está nos levando ao fundo do poço... Enfim, não há "Estado Laico", há Estado da maioria e se queremos fazer a diferença precisamos ser cristãos de verdade e utilizar a democracia em prol dos valores bíblicos, o que consequentemente abençoará a todos de nossa nação... Sejamos cristãos de fato e iluminemos e salguemos nossa sociedade! :)

Charles Melo disse...

Eduardo,

Parabéns pelo excelente post mais que apropriado em época de eleição. Enquanto lia, me lembrei desse texto: "Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao SENHOR; porque na sua paz vós tereis paz" (Jr 29.7). Nosso patriotismo pode mesmo ser instrumento da providência divina para o bem da nossa nação.

Abraço!
Charles

Abner Carneiro disse...

Atualmente estou estudando o projeto de lei da palmada, da homofobia, as ações do atual governo no sistema de ensino e tenho comparadao tudo isso com o art 5o da Constituição. Até o momento estou horrorizado com tamanha iniquidade e da insconstitucionalidade destes projetos. Pior que tudo isso é que elas estão sendo aprovadas ao arrepio de lei maior e ninguém faz nada. Nosso pacifismo, a tempo ultrapassa as margens do covardismo, comodismo, ignorância e egoísmo. Em termos de Igreja, vemos uma ação pulverizada aqui e ali... mas somos uma organização "desorganizda" ou desunida. Nossa IPB se posicionou contra o PL-122, mas o curioso é que apenas o SC/IPB sabe disso... não existe uma ação organizada e sistemática estimulando os líderes para conscientizar os crentes sobre os perigos que este sórdido governo está nos impondo. A voz profética da Igreja parece que morreu há muito tempo. Sentimos falta de encorajamento, vindo da cúpula da denominação para que seus pastores ensinem suas ovelhas a votar com consciência. Se não existe esta ação vinda da liderança do SC/IPB ficamos desestimulados porque facilmente poderemos ser confundidos com um partidário. Sem qualquer exagero, depois que li os projetos de lei que mencionei... não apenas tomei ojeriza do PT, mas ainda estou tomado de pavor e nojo, além de sentir muito porque grande parte da Igreja está anestesiada moral, polícito e civilmente falando.

Unknown disse...

Grande Eduardo!

Excelente post meu mano. Houve um tempo em que os pilares DEUS, FAMÍLIA E IGREJA recebiam o devido valor da parte daqueles que faziam política em nosso país.

Brasil, olha pra cima!

Tiago Cesar Nascimento disse...

Ih... Sabe, tá aí uma questão complicada de se perceber: "Houve um tempo em que os pilares DEUS, FAMÍLIA E IGREJA recebiam o devido valor da parte daqueles que faziam política em nosso país.".

Sinceramente, em nosso país, analisando crua e friamente, não enxergo isso não... Nossos governantes em geral desde a colonização portuguesa têm um currículo de imoralidade, injustiças e corrupção, diferenciando-se apenas em termos dos aspectos mais inerentes a cada época. Aqui o texto de Eclesiastes se aplica claramente, pois geração vai e geração vem e permanecemos os mesmos.

A política atual não está boa, mas tbm não podemos por isso procurar em nosso passado algo melhor do que isso. É que nosso passado é apenas uma causa do efeito que vivemos hoje... Cá pra nós, vários governos tiveram aspectos positivos no Brasil, mas seus negativos explicitam como os três pilares citados nunca foram pragmaticamente algo importante para nós.

Tiago Cesar Nascimento disse...

Enfim... O q precisamos mesmo é de uma igreja pura e reformada, somente assim a luz de Cristo iluminará nossa nação e todos serão abençoados.
A responsabilidade, em última instância, é da igreja, e somente uma igreja viva poderá pela graça de Cristo "vivificar" sua sociedade...
Devemos combater a causa (nós somos luz, mas cadê a luz???), e não as consequências (escolher os menos ruins para serem nossos candidatos).
É assim que vejo as coisas... ;)

Unknown disse...

Grande Tiago!

Você acredita mesmo que o espírito de nossa época é o mesmo vivido por nossos pais?

Definitivamente, eu não creio. Concordo com você em parte, porque certamente em muitos aspectos os nossos tempos são outros.

Grande abraço

Ana Carolina disse...

Olá Rev. Eduardo Ferraz
Na pregação do culto de ontem na IPB Poá-SP, o Rev. Jônatas Abdias baseou-se no livro de Habacuque. Este profeta vivia numa nação e num momento muito semelhantes ao dos brasileiros. Sobretudo em tempos de eleições, e deste ano em específico, com muitas preocupações e dúvidas. Não sabemos ainda quais serão os resultados, mas o cenário é bem nebuloso.
Devemos orar e colocar nossas aflições diante de Deus (e votar conscientemente no domingo!). E Ele a seu tempo, revelará Sua vontade soberana e, independente da resposta, devemos permanecer confiando Nele e, sabendo que tudo é para Sua glória!
Louvo a Deus por irmãos como vocês que têm sido usados como instrumentos abençoadores!
Abraços e até