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28 de setembro de 2010

ORAR OU BAJULAR?

No capítulo 12 de Atos encontramos uma interessante narrativa cuja personagem centralizadora é o rei Herodes. Ele age contra os cristãos ao prender, maltratar e até matar alguns líderes importantes da época. Por esta causa, Tiago é morto e Pedro é preso. Um pouco mais à frente nos deparamos com uma grave desavença entre este rei, os tírios e os sidônios. Em suma, Herodes estava se opondo à Igreja e aos habitantes de Tiro e Sidom. É neste contexto que se desenrola a atitude tomada por cada grupo para resolver a questão.

De um lado está a Igreja diante de uma perseguição mesquinha, politiqueira e injusta. E o que ela faz? Segundo Lucas “havia oração incessante a Deus”. Os cristãos levantaram um grande clamor para que a situação fosse resolvida. O resultado foi o envio de um anjo para libertar a Pedro da prisão, um milagre tão extraordinário que o próprio apóstolo custou a acreditar no que estava acontecendo. O mesmo ocorre com os irmãos que estavam em oração.

Em seguida Lucas descortina o impasse entre Herodes e as cidades de Tiro e Sidom. Para resolver o problema o povo foi em busca de um certo camareiro chamado Blasto, alguém que hoje poderia ser decifrado como um tipo de assessor direto. Afinal, eles dependiam do abastecimento do rei. Como resultado do encontro, fica acertado um dia em que Herodes iria se apresentar a uma multidão para discursar, fazendo-nos lembrar os comícios atuais ou as apresentações públicas de um político. A bajulação é geral quando o povo chama o governante de deus – prática comum da época. Neste momento o Senhor envia o seu anjo para matar o rei (penso se não seria o mesmo anjo que libertara a Pedro).

Um problema quase idêntico, dois povos, duas atitudes distintas, duas respostas de Deus. Com base neste fato, eu gostaria de fazer algumas considerações:

1) Em política a nossa esperança deve ser o Senhor pela oração. Quando a Igreja enfrenta um problema que está acima do seu poder de decisão, resta apenas orar em submissão ao Senhor. Isso não se aplica apenas aos problemas políticos que sofremos, mas também quando padecemos devido a um salário curto, perseguição no trabalho etc. Veja que eu não estou dizendo que o crente deve ser sempre passivo no desenrolar das práticas sociais, creio até que podemos protestar, refletir e até lutar pelos nossos direitos constitucionais, mas isso não pode ultrapassar a moral cristã que é totalmente embasada no amor e na submissão ao reto Juiz e supremo Governante;

2) Em política a nossa visão não deve se restringir ao egoísmo. A visão política deve incluir a sociedade e não apenas os meus interesses particulares. O povo de Deus não deve se aproveitar da política para benefício pessoal ou religioso restrito, principalmente quando ocorrem mediante os conchavos escusos, as promessas irresponsáveis, os desejos que visam apenas uma pequena parte da sociedade e a bajulação em troca de favores. Os governantes não devem ser vistos como se fossem semi-deuses para a resolução dos problemas. Fazer isso é retirar do nosso Deus a glória devida. Respeitar os políticos conforme a lei, sim; bajular, nunca!

3) Em política a nossa identidade é o Reino de Deus. Muitas vezes falta em nós, cristãos, a visão que distingue a Igreja do Estado (tais terminologias devem ser interpretadas conforme a História). O frenesi das campanhas eleitorais parece mais um desfile de moda onde cada um admira aquilo que deseja consumir. Nossa consciência deve se firmar a partir das Escrituras, ou seja, devo agir como um cidadão do Reino de Deus que peregrina nesta terra, e não como um cidadão da terra que peregrina no Reino de Deus. Nossa maior submissão continua sendo ao Senhor. E, pelo que entendo, isso não vai mudar por toda a eternidade.

Lucas encerra a seção dizendo que “a palavra do Senhor crescia e se multiplicava”. Creio que esta é a nossa maior meta, muito acima dos nossos interesses pessoais, dos nossos direitos sociais ou das nossas preferências partidárias. Caso haja algum problema, a melhor pessoa para resolvê-lo é o Senhor Deus que “não é homem, para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido, não o fará? Ou, tendo falado, não o cumprirá?” Como os políticos e governantes estão eternamente longe deste caráter! Como nós somos bem aventurados por depositar a nossa esperança neste maravilhoso Deus.

Alfredo de Souza

SOLA SCRIPTURA

9 comentários:

Charles Oliveira disse...

Eita artigo bom e em tão boa hora! Muito obrigado por esta reflexão exortativa. Me fez pensar sobre como devo me comportar agora que estamos em plena e tensa campanha eleitoral. Precisamos orar mais e sofrer menos!

Abraço!

Samuel Vitalino disse...

Alf,

Me indica alguém para votar. Estou desanimado como nunca com a política nacional, cara.

Você e o Eduardo estão me fazendo pensar que eu deveria estar mais 'antenado'.

Saudade,

Milton Jr. disse...

Alfredo,
Boa e oportuna palavra.
grande abraço,

Unknown disse...

Alfredo,

Você tocou em pontos importantes da consciência político-evangélica-brasileira:

. Se a nossa esperança política está depositada nos homens;

. Se a nossa visão política é egoísta e não altruísta;

. E a nossa identidade não é o Reino de Deus, mas os governos humanos;

Como contemplaremos um crescimento fiel e multiplicador da Palavra?

O livro de Atos nos responde:

Que venha a perseguição!

Anônimo disse...

Olha, devo dizer que andei muito ansiosa em relação a essas eleições e deixei a desejar como serva de Deus (nas orações). Seu artigo me fez refletir e ter ainda mais certeza de que o controle de todas as coisas está nas mãos do nosso grande Deus!
Excelente artigo!
Deus te abençoe!

IPB TUCURUÍ disse...

Caro irmão Alfredo.
Li o seu artigo e achei bastante instrutivo. Solicito permissão para publicá-lo no boletim da nossa igreja: Igreja Presbiteriana do Brasil em Tucuruí.
Abraços fraternos.
Rev. Ruy Santos

Alfredo de Souza disse...

Queridos confrades, obrigado pelos comentários.

Alfredo de Souza disse...

Querida Ligian, que o Senhor seja gracioso para conosco.

Caro irmão Pr. Ruy, fique totalmente à vontade com o texto, use-o como quiser.

Anônimo disse...

bom comeco