Se seu irmão pecar contra você, vá até ele e, se ele se arrepender, a questão está resolvida. Se não se arrepender, chame uma ou duas testemunhas e vá novamente a ele. Se ele não atender, diga à igreja e se, por fim, não ouvir também a igreja, considere-o gentio e publicano, ou seja, trate-o como se não fosse da igreja. De forma resumida, é este o ensinamento de Jesus em Mateus 18.15-17 sobre o que fazer quando somos alvo do pecado do irmão.
Ainda assim, muitos teimam em inverter a ordenança do Senhor.
Consideremos um exemplo hipotético: José peca contra Manoel. A primeira atitude de Manoel é considerar José gentio e publicano, pois começa a evitá-lo. Ele não faz mais parte de “sua” igreja. Pode até freqüentar o mesmo local de culto, mas não faz parte de sua igreja particular. Depois disso, Manoel começa a campanha de falar aos outros o que José lhe fez e o quão pecador ele é. Talvez um dia, Manoel venha saber que José estava magoado com ele e se arrependa ou acabe também se chateando, e algo que poderia ser resolvido seguindo os passos bíblicos se torna um grande conflito onde o que interessa é saber quem pecou primeiro.
Na primeira vez que li sobre a ordem de Jesus fiquei a questionar: Porque o ofendido é quem tem de procurar o ofensor? A obrigação de procurar deveria ser de quem ofendeu e não o inverso.
Hoje entendo que é porque muitas vezes ficamos ofendidos e o irmão nem sabe o que nos causou. Pode ser que ele não tivesse a intenção de nos magoar e acabou magoando, mas nunca saberá disso, a não ser que, cumprindo a ordem de Jesus, o procuremos para que a paz se estabeleça e Deus seja glorificado.
Infelizmente, o que muitas vezes nos impede é o orgulho pecaminoso, é achar que quem nos ofende não é digno de que o procuremos, é nos achar melhores que os outros e que não existe a mínima possibilidade de fazermos algo semelhante.
Da próxima vez que nos sentirmos ofendidos, humildemente sigamos o padrão estabelecido pelo Senhor, se não temos feito isso até então. Certamente, essa é a única e melhor maneira de resolver os nossos problemas. Lembremo-nos de que o pecado do nosso irmão não autoriza ou justifica o nosso pecado de deixar de lado o que o Senhor nos ensinou.
Milton Jr.
18 comentários:
Milton, infelizmente nosso orgulho é uma lástima quando temos que resolver qualquer questão com o próximo, mesmo que seja alguém muito próximo (o cônjuge, por exemplo). Deus nos ajude e nos dê humildade para agirmos biblicamente nos momentos de conflito.
Um abraço!
Pra variar...
É isso mesmo Lígian. O pior é que tenho a impressão de que quanto mais "próximo" é o ofensor, mais endurecidos pelo orgulho tendemos a ficar. Que Deus tenha misericórdia de nós concedendo um coração quebrantado e humilde.
O problema é quando próximo dissimula. Ele diz: Não tenho nada contra vc , mas atitudes dizem o contrário.
Miton,
Se essa prática fosse, de fato, acolhida no nosso meio; certamente muitos desentendimentos seriam rápidamente derimidos. Agora, interpreto que a terceira possibilidade - notificar a Igreja - no nosso governo representativo é apresentar a demanda no Conselho da Igreja. Correto?
Clodoaldo, quando constatada a dissimulação, sempre cabe a disciplina eclesiástica.
Naziaseno,
É isso mesmo.
Grande abraço.
Milton,
Sua abordagem girou mais em torno da ofensa pessoal. Gostaria que você comentasse sobre qual deve ser o comportamento do cristão no caso do seu irmão pecar (sem o "contra ti").
Abraço!
Boa pergunta, Charles. É sobre essa questão o objeto de minhas frequentes reflexões
Caro reverendo, concordo com o irmão, toda essa exposição é o método de Deus na reconciliação e disciplina, prego isso. A questão é que além disso temos um CD (Código de disciplina ) Até manda cumprir esses primeiros passos bíblicos de Mt, mas a coisa não fica por ai. Tem que conhecer e conhecer muito bem o CD, do contrário não disciplina ninguém em nossa igreja. O próprio CD será usado pelo que dissimula, e, ele sairá impune. Uma grande necessidade em nossa igreja hoje: 1. Que conheçamos o método bíblico e 2. O CD. Que Deus o abençoe ricamente.
Charles e Naziaseno,
Creio que, no caso de ofensas “não pessoais”, temos outros textos que nos ajudam:
Gl 6.1 – “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado”.
Aqui Paulo aponta tanto para a necessidade da admoestação do irmão faltoso quanto para a vigilância de não incorrer no mesmo erro.
Em outros textos, temos a responsabilidade do pastoreio, por parte dos presbíteros, a fim de que os pecados sejam tratados (At 20.28; Hb 12.15; 1Ts 5.12,14), mas além dessa prerrogativa dos presbíteros, temos ordem na Escritura para a admoestação mútua (Rm 15.14).
Um caso de pecado que merece também atenção é quanto ao ensino de falsas doutrinas. Nesse caso, creio que precisamos diferenciar aqueles que são piedosos e que falham na compreensão do texto e aqueles que dolosamente induzem ao erro.
No primeiro caso, devemos lembrar ao que ensina da responsabilidade de fazê-lo com fidelidade, alertando-o a fim de que saiba que os que ensinam receberão maior juízo (Tg 3.1) e, se possível, caminhar junto para um entendimento correto das Escrituras.
No segundo caso, que diz respeito aos inimigos da fé, a Palavra é clara: “é preciso fazê-los calar” (Tt 1.11).
O grande problema é quando se acha que devemos tratar os inimigos da fé como irmãos, cumprindo Mt 18. Nesse caso tem-se uma aplicação equivocada do texto (que trata de ofensas pessoais como indico no post) e coloca-se o rebanho do Senhor sob risco de continuar aprendendo heresias.
Creio que há muito mais para tratar, mas não estou com tempo agora. Duas leituras que julgo interessantes são: Disciplina na Igreja, uma marca em extinsão (Solano, Valdeci, Augustus e George Knigth III) e Disciplina na igreja, um manual de disciplina para a igreja de hoje (Jim Elliff e Daryl Wingerd). No caso do segundo livreto, algumas aplicações serão diferentes por que temos a figura do Conselho que, em nosso caso, é quem aplica a disciplina.
Grande abraço.
Com este artigo, pude refletir e constatar mais uma vez o quanto carecemos dos ensinamentos de Cristo a todo momento. Nossa reação natural de não agir com graça para com o nosso irmão e já condená-lo de cara, nada tem a ver com o que o nosso Mestre nos ensinou e com a maneira que Ele mesmo agiu conosco, sendo a nossa ofensa contra Ele maior que qualquer uma que outros possam cometer contra nós.
Milton,
Eu entendo que Mateus 18 se aplica a faltas de maneira geral, não apenas no caso de ofensas pessoais. O "contra ti" merece uma consideração sincera e uma acurada pesquisa, até porque se constitui num problema textual. Eu já vi pessoas falarem de outros pelas costas e, quando orientadas a seguir os passos de Mateus 18, se recusaram argumentando que essa passagem só trata de "ofensas pessoais", o que não seria o caso na ocasião. Eu não entendo assim e o CD também não. Tanto é que, independente do caso da queixa ou de denúncia, o CD orienta a se seguir os passos de Mateus 18 antes que uma ou outra seja apresentada.
Abraço!
Pr. Milton, Parabéns pelo post.
suas palavras são sábias e carregadas de conselhos que podem restaurar vidas de muita gente...que SENHOR nos ajude nessa luta dramática pela paz entre nós, na força do perdão. COntinue sendo uma bençao para seus leitores..
pelo Evangelho!
Charles,
O texto que citei de Gálatas, não serviria bem para essa situação? "se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado”
Se aquele que está sendo corrigido não aceita a admoestação, nada mais resta do que uma denúncia. Creio que isso é quase o mesmo que Mt 18, que na minha opinião se refere sim a ofensas pessoais, ensina.
Agora, quanto à interpretação do CD, estamos discordantes... Veja que o artigo 43 afirma que "os concílios devem, antes de iniciar qualquer processo, empregar esforços para corrigir faltas por meios suasórios.
O CD não está afirmando que a queixa ou denúncia só deve ser apresentada depois do cumprimento de Mt 18, mas que os concílios só podem iniciar o processo depois de esgotarem-se os meios persuasivos, ou usando o termo do CD, suasórios.
Funciona, no meu entender, da seguinte forma:
João sabe que José está desviando dinheiro da firma. Ele deve procurar José e corrigí-lo com espírito de brandura. Caso josé não se arrependa, a denúncia é feita ao Conselho.
Antes de o Conselho começar o processo, deve tentar resolver por meios persuasivos. No meu entender, isso significa mais uma vez exortar o irmão pela Palavra e, se ele se mostrar contumaz, abrir o processo e processá-lo.
Grande abraço.
Caro Dorisvan,
Obrigado pelas Palavras.
É, de fato, nosso sincero desejo que o Senhor seja sempre engrandecido por meio daquilo que temos escrito aqui no blog.
Grande abraço.
Milton,
Era isso que intentei expressar sobre o CD. Escrevi mal na pressa de postar o comentário em meio à correria em que estou envolvido. Eu pulei a parte do "antes de instaurar processo" e escrevi "antes de prestar queixa ou denúncia". Eu inclusive penso que há faltas nas quais não cabem esforços para se resolver por meios suasórios. Sobre Mateus 18, entendo que não se restringe a ofensas pessoais, aplicando-o assim como o texto de Gálatas que você citou. Para mim, o problema textual do "contra ti" é um problema mesmo!
Abraço!
Fico feliz de ler essas palavras. Agora confirmei ainda mais minha perspectiva sobre o assunto. Por outro lado, fico triste, pois boa parte de meus irmãos em Cristo simplesmente parecem não estar abertos a nenhum tipo de admoestação.
Entendo a disciplina como um instrumento maravilhoso de Deus para a correção e santificação. Meu desejo é que todos pudéssemos ter alguém para nos exortar quanto aos nossos erros. Acredito que todo cristão de fato deveria tentar dar mais valor à disciplina, em vez de lavar as mãos (usando o texto do "Não julgueis" fora do contexto) ou agir de forma errada (fofocando, por ex.) diante do erro de um irmão.
Sinceramente, sinto-me desistimulado a corrigir muitos irmãos na fé, pois a reação deles quase sempre me deixa como o vilão da história ou o cara que faz tempestade num compo d´água. Será que o problema está em mim, talvez seja duro demais? Nesse caso, devo me calar? Ou isso também acontece com vocês?
“O que exorta faça-o com dedicação…” Será que esse texto dá margem pra deixarmos a função de exortar pra outras pessoas mais experientes? Seria o caso de ter um Arão pra o Moisés pesado de fala? Às vezes simplesmente oro pela pessoa e peço que Deus lhe mostre o melhor caminho, por compreender que não tenho uma boa capacidade de comunicação. Estou errado?
Muitas dúvidas, né? Bem confuso meu texo.. To com sono, mas é porque esse tema é algo sobre o que penso há muito tempo. Não podia deixar de aproveitar a oportunidade..
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